Deveríamos ter propagandas em todos os locais, para incentivar a população
Aqueles que ainda não se vacinaram, seja por opção ou por impossibilidade devido a faixa etária, correm mais risco de desenvolverem casos graves de Covid-19 e dificultam o combate à pandemia no país, vivendo o que especialistas chamam de “pandemia dos não vacinados”. Esse grupo, inclusive, já é a maioria dos óbitos e dos internados pela doença, segundo órgãos oficiais de pesquisa.
“Deveríamos ter propagandas em todos os locais, para incentivar a população, além de outras medidas como passaporte da vacinada e ampliação da vacinação entre adolescentes e, esperamos que logo, entre crianças”, diz a médica Fernanda Americano Freitas Silva, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares. Ela concedeu entrevista ao podcast Covid-19 na Semana, repercutida na edição de hoje (18) do Programa Bem Viver.
Nove em cada dez pacientes internados por covid-19 nos últimos meses não receberam o imunizante de acordo com dados reunidos pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. As pessoas não vacinadas têm 14 vezes mais chances de morrer pela doença. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) divulgada em agosto por meio da plataforma InfoTracker, indica que 96% dos pacientes internados por covid-19 não tinham o esquema vacinal completo.
Essa realidade já ocorreu, por exemplo, em Israel e nos Estados Unidos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA apontou, em pesquisa, que quem não tomou a vacina tem dez vezes mais possibilidade de precisar de internação.
“Atualmente temos valores estáveis de óbitos diários, na faixa dos 500, o que nos releva uma queda expressiva em relação ao pico da pandemia, em abril. Mas ainda são valores preocupantes porque demonstram a permanência da transmissão e dos casos graves, que exigem cuidados intensivos e ainda podem gerar milhares de mortes nos próximos meses”, pontou a médica.
Ela lembrou que, segundo a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) é necessário 80% da população vacinada para o controle da pandemia.
Bolsa Família
O Programa Auxílio Brasil, proposta do governo federal para substituir o Bolsa Família, ainda não entrou em vigor, mas já vem gerando polêmica: pelo menos 200 organizações sociais reuniram críticas à proposta, afirmando que o projeto não traz avanços e que o texto abre brecha para que parte da população não seja incluída.
As organizações também criticam o Projeto Alimento Brasil, que substitui o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A mudança está em um pacote do governo federal enviado à Câmara dos Deputados em agosto.
Pinturas rupestres
O Programa Bem Viver vai ao interior do Alagoas conhecer os sítios arqueológicos do Assentamento Nova Esperança. Nesta área existem pelo menos 43 registros de gravuras rupestres, que comprovam a ocupação indígena na área há 3 mil anos.
As pinturas são de variadas formas e estilos. Os arqueólogos não podem cravar exatamente qual a finalidade desses registros ou o que significam.
Quando o assentamento começou a se consolidar, em 1998, os moradores não tinham dimensão da importância das pinturas rupestres. Com o passar do tempo e com a ajuda de especialistas, a comunidade passou a cuidar desse patrimônio e elaboraram um sistema de turismo para que outras pessoas possam ter contato com essa história milenar.
Brasil no Oscar
O filme "Deserto Particular", do cineasta baiano Aly Muritiba, foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para concorrer ao Oscar no ano que vem. A produção conta a história de Daniel, interpretado por Antonio Saboia, que vive um ex-policial de Curitiba que leva uma vida infeliz. Ele, então, parte para uma jornada no sertão baiano à procura de Sara, mulher com quem desenvolve uma relação amorosa a partir de aplicativos de mensagem.
No mês passado, o filme foi premiado no Festival de Veneza. O diretor escreveu uma carta à imprensa sobre o processo de criação, que dizia: "desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, minha geração enfrenta o momento mais dramático de sua existência. O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros.”
O filme ainda vai passar por uma seleção feita pela academia do Oscar. Em fevereiro será divulgado se ele poderá concorrer a estatueta de melhor filme estrangeiro. Por ora, o longa fará parte da programação da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que começa em 21 de outubro. A estreia nos cinemas está prevista para 25 de novembro.
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Edição: Sarah Fernandes