Agronegócio é o setor que gera menos postos de trabalho e o que paga menores salários
Além de não produzir alimentos para o combate a fome no país, o agronegócio não gera riqueza, intensifica a reprimarização da economia nacional, traz altos custos ao Estado, gera poucos empregos e é o grande responsável por devastações ambientais. Esta é a avaliação do estudo “O agro não é tech, o agro não é pop e muito menos tudo”, publicado hoje (21) pela Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA).
“A análise da balança comercial mostra que o agronegócio leva a economia brasileira para o que chamamos de reprimarização, pautada em produzir materiais primas e importar industrializados. Isso aponta para uma inserção regressiva subalterna do Brasil no mercado mundial”, disse um dos autores da pesquisa Marco Antônio Mitidiero Júnior, em entrevista a edição de hoje do Programa Bem Viver. “Como esses produtos têm um valo mais baixos o agronegócio é o setor da economia que menos contribui para a produção de riquezas”.
Um dos objetivos da pesquisa é combater a narrativa hegemônica que o agronegócio gera apenas tecnologia, emprego e desenvolvimento para o país. “Ele custa muito caro”, pontua Mitidiero. “Se analisarmos os créditos oferecidos pelo Estado vemos que o agronegócio recebem muito dinheiro e não devolve isso em impostos nem gera empregos. Ele é o setor da economia que menos gera postos de trabalho com carteira assinada e é o que paga os menores salários”.
Relatório final da CPI da covid-19
O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 foi apresentado oficialmente ontem (20) pelo relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB), depois de muita polêmica, discussões e acusações. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi acusado por nove crimes. Os de homicídio e genocídio contra população indígena ficaram de fora.
Ainda assim, é a primeira vez que uma CPI aponta uma lista de crimes tão extensa atribuídos a um presidente da república. O documento também recomenda que as empresas a Precisa Medicamentos e a VTC Log sejam processadas por improbidade administrativa e que 65 pessoas sejam indiciadas, entre elas os três filhos mais velhos do presidente: Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro.
O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga e o ex comandante da pasta, general Eduardo Pazuello também estão na lista, assim como o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni. Ernesto Araújo, que já esteve à frente do Itamaraty é outro nome citado. Ainda no corpo de ministros, estão Osmar Terra, que já foi titular da pasta da Cidadania e Fábio Wajngarten, ex-chefe da secretaria especial de Comunicação Social.
Trabalhadores da empresa Davati também tão na lista, em especial Luiz Paulo Domingueti e Cristiano Carvalho. Membros do chamado gabinete paralelo também foram acusados, entre eles a médica Nise Yamagushi, o empresário Carlos Wizard e o dono da rede de lojas Havan, Luciano Hang. Além deles, dez pessoas ligadas a Prevent Senior foram incluídas na lista de indiciados.
Caso aprovadas pela CPI, as sugestões de indiciamento contidas no relatório devem ser encaminhadas ao Ministério Público, à Câmara dos Deputados e até ao Tribunal Penal Internacional, em Haia. Os órgãos devem conduzir os processos para uma eventual responsabilização civil, criminal e política dos acusados.
Aerogeradores
Dezenas de famílias do sertão de Pernambuco denunciam que adquiriram problemas de saúde causados pela instalação de torres geradoras de energia eólica em seus terrenos. Quem não desistiu de viver no local desenvolveu problemas de insônia e usa diferentes remédios para dormir ou conter o estresse. Isso porque os ventiladores gigantes causam poluição sonora produzindo um barulho extremamente incômodo 24 horas por dia.
As famílias relatam ainda que os ventiladores gigantes jogam poeira com pedras contra as casas, causando estragos na estrutura. Alguns destes moradores recebem um auxílio mensal das empresas de energia eólica.
Essa tecnologia é vendida como uma revolução e como uma forma de produzir energia barata e sustentável, com impacto menor para o meio ambiente e para a sociedade do que as usinas hidrelétricas, que precisam alterar a consistentemente o curso de rios.
Ataque contra o MST
Na última sexta-feira (15), um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Tocantins foi atacado com tiros por pessoas não identificadas. Ninguém ficou ferido. Até agora, dias depois do ataque, nenhuma autoridade foi ao local apurar a ocorrência.
Apesar disso, amanhã (22) o MST vai receber um prêmio internacional da Organização Internacional do Trabalho (OIT), vinculada à ONU, pela atuação do movimento nas ações de solidariedade durante a pandemia.
Foram pelo menos 5 mil toneladas de alimentos saudáveis entregues para famílias em situação de vulnerabilidade social, além de diversas ações de apoio e de formação de agentes comunitários.
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Edição: Sarah Fernandes