Solidariedade

Ceará: Famílias que foram filmadas catando alimento no lixo recebem doação de cestas básicas

A ação aconteceu na quarta-feira (20) e foi realizada por movimentos populares que fizeram a doação de cestas básicas.

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |

Ouça o áudio:

A iniciativa é parte de um conjunto de ações de solidariedade que vem sendo realizadas desde o início da pandemia em conjunto com os movimentos populares do campo e da cidade. - Foto: Aline Oliveira

Na última quarta-feira (20), movimentos populares doaram cestas básicas para famílias que se encontram em vulnerabilidade social. A ação de solidariedade aconteceu após um vídeo que viralizou nas redes sociais no último domingo (17), onde aparecem pessoas catando alimentos no caminhão do lixo em um bairro nobre de Fortaleza.

A doação foi realizada pelo Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Por Direitos (MTD), Consulta Popular (CP), Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB) e Levante Popular da Juventude (LPJ).

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Parte dos alimentos contidos nas cestas vieram de assentamentos e acampamentos de reforma agrária como arroz, feijão, abóbora, farinha, coco, rapadura de caju entre outros.

Gene Santos, da direção nacional do MST afirma que é perceptível o aumento da miséria e da fome no Brasil e isso, de acordo com ele, é muito presente também no Ceará.

“Nós não podemos encarar isso com naturalidade. É com muita indignação que nós vimos as imagens em que homens e mulheres recolhem comida do lixo para se alimentar. Então diante dessa situação estamos mais vez realizando uma ação de solidariedade, mas, principalmente, uma ação de denúncia para demonstrar que é um problema grave que precisa ser encarado com políticas públicas para resolver a situação da fome”.

Gene acredita que para resolver a situação da fome se faz necessário ter uma política de reforma agrária de verdade, “que distribua terras, acesso à água, uma política de emprego, renda e de habitação para que o povo possa viver com dignidade”.

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Joyce Ramos, dirigente da Consulta Popular relata que a população brasileira está vivenciando uma das conjunturas mais difíceis da história, em que a situação do povo pobre do Brasil e do estado do Ceará está piorando cada vez mais:

“A carestia, a fome como um projeto de morte desse governo. Pensando nisso os movimentos, as organizações populares vêm se solidarizando com as famílias mais pobres a fim de que a gente possa amenizar a situação dessas famílias e pensar alternativas para estas saírem da miséria”.

Maria de Lourdes, moradora do bairro Vicente Pizon, uma das mulheres que aparecem no vídeo catando alimentos no carro do lixo diz que “essa é uma situação corriqueira aqui. Nós não temos como garantir nosso alimento, então a alternativa é vir esperar o carro do lixo passar, catar os alimentos que são descartados pelo supermercado. É isso ou não ter nada pra comer. A gente passa a manhã toda esperando no sol e as vezes nem água pra beber. Queremos trabalho, a falta de alimento, a fome bate na nossa porta todos os dias, então agradeço muito a vocês pela ajuda”.

A iniciativa é parte de um conjunto de ações de solidariedade que vem sendo realizadas desde o início da pandemia em conjunto com os movimentos populares do campo e da cidade.

Segundo dados do Ministério da Cidadania, no Ceará, cerca de 1 milhão de pessoas vivem na extrema pobreza. No Brasil, quase 20 milhões passam fome.


Maria de Lourdes, moradora do bairro Vicente Pizon, uma das mulheres que aparecem no vídeo catando alimentos no carro do lixo diz que “essa é uma situação corriqueira aqui". / Foto: Reprodução

Entenda o caso

Recentemente uma imagem ganhou notoriedade na internet. A de pessoas recolhendo sacolas de dentro de um do lixo na região do Cocó, bairro nobre de Fortaleza. O caso é mais um dos exemplos que escancara a atual situação do Brasil está vivendo, que é do aumento da fome, causado por diversos fatores como a escalada dos preços dos alimentos e no do gás de cozinha, aumento do desemprego e a crise econômica agravada pela pandemia do coronavírus.

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Francisco Barbosa