O principal problema é o desmatamento, que aumento consideravelmente
O Brasil chega com recordes de desmatamento e queimadas a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (COP 26), que ocorre a partir de domingo (31), no Reino Unido. O país deve ser publicadamente cobrado por governantes de outras nações, por organizações sociais e por empresas transnacionais sobre o aumento da emissão de gases efeito estufa, que inferem diretamente no clima do planeta, segundo avaliação do professor titular do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, Wagner Ribeiro.
“Hoje temos um setor muito articulado sobre as mudanças climáticas: a juventude, que será ainda mais afetada por elas que as gerações anteriores. Além deles, setor empresarial, no Brasil inclusive, também deve pressionar pelas reduções de emissões, porque sabe que isso pode ser diferencial em negociações internacionais”, disse em entrevista a edição de hoje (29) do Programa Bem Viver.
As emissões brutas de gases de efeito estufa do Brasil chegaram a 2,16 bilhões de toneladas no ano passado, um aumento de 9,5% em relação ao período anterior. É o maior nível desde 2006, segundo dados divulgados em uma reportagem da DW Brasil. Enquanto isso, a média global de emissões reduziu 7%, muito devido a paralisações de voos, serviços e indústrias com as quarentenas impostas pelas pandemia.
O movimento contrário do Brasil em relação à tendência mundial deve-se ao desmatamento, responsável por 46% das emissões do país, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. Depois dele, as atividades que mais emitem gás carbônico no Brasil são a agropecuária (27%) e a geração de energia (18%).
“O principal problema é o desmatamento. Não tivemos uma contenção, pelo contrário, registramos um aumento”, pontuou o professor. “O governo federal segue negando as mudanças climáticas. Essa incoerência é muito ruim para o Brasil, gera muita pressão externa e faz com que nossa imagem seja muito negativa.”
A Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas é um evento anual organizado pela ONU. Dezenas de chefes de estado se reúnem para discutir as medidas necessárias para evitar um colapso ambiental do planeta.
Em 2015, na COP daquele ano, foi assinado o Acordo de Paris, um tratado endossado por 196 países para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. Pelo acordo, as medidas passariam a vigorar desde 2020. Como não houve COP no ano passado por conta da pandemia, o cronograma foi adiado em um ano e será ratificado e posto em prática oficialmente no evento do Reino Unido.
No Acordo de Paris foi estipulado que os países deveriam se mobilizar para que a temperatura crescesse em no máximo 2 graus até o final do século, fazendo todo o possível para manter em 1,5. Cada nação deve apresentar suas propostas e seus resultados para manter a meta de controle do aquecimento global.
Chapada dos Veadeiros
Este ano têm sido trágico para a Chapada dos Veadeiros, um dos bens naturais mais preciosos do Brasil, localizada em Goiás. A região já sofreu com pelo menos 600 incêndios apenas entre janeiro e setembro de 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O número é maior que o registrado em todo 2020, quando foram contabilizados 550 focos de foco. Ano após ano essa contagem sobe e os impactos ficam cada vez mais evidentes: moradores da região já relatam que frutos típicos e abundantes não brotaram neste ano, como o caju e mangaba.
Ele denunciam que o fogo teve início com ação humana. No ano passado, foram instaurados somente quatro inquéritos policiais referentes a incêndios na região e apenas deles foi enviado ao judiciário.
Dia do Saci
No próximo domingo, 31 de outubro, é comemorado o Dia do Saci, em uma celebração nacional alternativa ao chamado Dia das Bruxas ou Halloween. Figura chave do folclore brasileiro, o Saci Pererê é um símbolo da cultura nacional, da resistência negra e da proteção ao meio ambiente.
Alguns admiradores do Saci e estudiosos do folclore defendem que o mito surgiu com a história de um menino escravizado, que teve a perna amputada talvez como um castigo, talvez para se libertar de uma corrente que o prendia pelo pé.
A história perpassa gerações e conquista crianças e adultos.
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Edição: Sarah Fernandes