Os líderes do G20 reunidos em Roma afirmaram numa declaração conjunta neste domingo (31/10) que concordaram em estabelecer uma ação "significativa e efetiva" para limitar o aquecimento global a 1,5°C. No entanto, o documento exibe poucos compromissos concretos.
O documento, por exemplo, não define uma data precisa para a neutralidade de carbono. Os países do G20 são responsáveis por 80% das emissões que contribuem para as mudanças climáticas. A declaração foi divulgada pouco antes do início da COP26, a conferência da ONU sobre o clima em Glasgow.
"Reconhecemos que os impactos das mudanças climáticas a 1,5°C são muito menores do que a 2°C. Manter 1,5°C ao alcance exigirá ações significativas e eficazes e compromisso de todos os países", afirma o documento.
Em vez de citar uma data específica para a neutralidade do carbono, o documento menciona que esse compromisso deve ser atingido "até ou por volta da metade do século". Alguns países, como a Itália, pediam para mencionar 2050 como uma possível data, mas a ideia sofreu críticas por parte da China e da Índia, que estimam atingir o objetivo até 2060.
A declaração também incluiu uma promessa de suspender o financiamento internacional para a geração de energia a carvão até o final deste ano. Por outro lado, não indicou uma data para a eliminação desse tipo fonte de geração energia pelos países do bloco.
Críticas
"Se o G20 era um ensaio geral para a COP26, os líderes mundiais se equivocaram", declarou a diretora-geral do Greenpeace, Jennifer Morgan. Segundo ela, os líderes reunidos "não estiveram à altura do desafio". "Não passam de medidas obscuras em vez de ações concretas", disse Friederike Röder, da ONG Global Citizen.
As mudanças climáticas estavam no topo da agenda dos líderes do G20, que realizaram sua primeira reunião de cúpula presencial desde 2019. Do secretário-geral da ONU, António Guterres, ao papa Francisco, foram vários os apelos por medidas mais ambiciosas.
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"Estamos diante de uma escolha simples: podemos agir agora ou lamentar mais tarde", disse o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, para quem as medidas tomadas desde o Acordo de Paris foram "insuficientes".
"A mudança climática não pode ser negada. E a ação climática não pode ser adiada. Trabalhando com nossos parceiros, devemos enfrentar esta crise global com urgência e ambição", tuitou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
O G20, cujos membros acumulam 80% da riqueza mundial e 60% da população mundial, também reafirmou um compromisso de organizar investimentos de US$ 100 bilhões para que os países em desenvolvimento possam implementar políticas que lhes permitam respeitar os compromissos ambientais.
COP26
Agora, as as atenções se voltarão à Conferência do Clima da ONU (COP26), cujo presidente, o ministro britânico Alok Sharma, chamou de "última e melhor oportunidade para cumprir o objetivo de + 1,5ºC".
"Chegou a hora de fazer o máximo em Roma para que os membros do G20 contribuam de forma útil em Glasgow", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, ao jornal Le Journal du Dimanche, esclarecendo que, antes de uma COP, "nada está decidido antecipadamente".
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A COP, organizada pela ONU, é o encontro anual para debater e definir os compromissos no combate às mudanças climáticas. E o encontro de Glasgow, que vai até 12 de novembro, é ainda mais importante já que não houve reunião em 2020 por causa da pandemia.
Nesta semana, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que os novos compromissos da comunidade internacional são insuficientes para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, que podem causar neste século uma elevação da temperatura do planeta em 2,7 ºC em relação à era pré-industrial– quase o dobro da meta de 1,5 ºC.