A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia prometeu priorizar as investigações sobre a autoria dos ataques do último domingo (31) contra o assentamento Fabio Henrique, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Prado (BA).
Segundo os moradores, cerca de 20 homens encapuzados invadiram o local, incendiaram dois ônibus, fizeram trabalhadores reféns e atiraram contra carros e casas. Ninguém ficou ferido.
O caso foi registrado no mesmo dia na Delegacia Territorial (DT) de Teixeira de Freitas, a 80 km do local. Testemunhas informaram nomes dos possíveis autores.
"Não vamos tolerar esse tipo de ação na Bahia. Determinei prioridade no caso e chegaremos aos autores", prometeu o secretário de Segurança Pública do estado, Ricardo Mandarino.
A direção do MST se referiu ao atentado como uma "ação coordenada", que teria sido realizada por grupos bolsonaristas da região.
Trabalhadores foram perseguidos, tiveram armas apontadas contra suas cabeças e foram obrigados a caminhar entre uma plantação de eucalipto, vizinha ao assentamento. Esse momento foi registrado no vídeo abaixo, em que se podem ouvir os disparos.
Os agricultores que foram mantidos como reféns relatam que os invasores exigiam que eles localizassem os dirigentes do MST da região.
Os moradores do assentamento Fabio Henrique registraram um boletim de ocorrência no mesmo dia, e policiais militares foram enviados ao local.
"Alguns indivíduos que participaram do atentado foram identificados pelos trabalhadores. São indivíduos ligados aos grupos bolsonaristas na região e que frequentam o Casarão Brasil, espaço de articulação bolsonarista e de promoção fake news, localizado em Teixeira de Freitas", diz texto divulgado pelo movimento.
O Brasil de Fato não conseguiu contato com o Casarão Brasil.
Em entrevista à Rede Brasil Atual na última terça (2) pela manhã, Eliane Oliveira, dirigente do MST na Bahia, questionou a falta de policiamento efetivo no local após o atentado de domingo e disse que novos disparos foram ouvidos na madrugada.
"Foi um momento de muito terror e, inclusive, é muito difícil de lembrar. Muitos tiros, com armas pesadas. Coisa de milícia mesmo", disse.
"Tudo que temos recebido, áudios, fotos, vídeos, temos colocado na mão das autoridades. Infelizmente, até o momento, a gente não vê uma reação positiva por parte da Justiça."
Diante desses relatos, no mesmo dia a SSP da Bahia determinou que guarnições de unidades especializadas da Polícia Militar reforçassem o patrulhamento da área.
A reportagem pode ser atualizada a qualquer momento com mais informações.
Edição: Vivian Virissimo