Revisão feita nos resultados do “novo” Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, fez cair quase pela metade o saldo de vagas formais em 2020. Assim, o acréscimo de postos de trabalho formais no ano passado foi de 142.690 para 85.883. Uma diferença de 46,82%.
As mudanças metodológicas adotadas pelo governo em 2020, ao divulgar o Caged, tiveram impacto nos resultados e, segundo observadores, impedem a comparação com a série histórica anterior. Além de informações dos empregados, o governo passou a usar dados do eSocial e do empregadorWeb – incluindo, portanto, vínculos temporários.
A diferença registrada na revisão vem um número 2,2% maior de demissões e acréscimo de 1,8% de admissões. A maior discrepância foi apurada em junho de 2020, quando o governo informou corte de 10.984 vagas formais. Na verdade, a redução havia sido de 30.448 (177,2% a mais). Em alguns casos, a revisão fez crescer também o volume de contratações com carteira, como em janeiro (76,4%) e fevereiro (19,5%).
Metodologia transparente
“Na primeira revisão do novo Caged, o número oficial de empregos criados em 2020 caiu para 47% do anunciado e comemorado pelo governo Bolsonaro”, comentou em rede social o economista Marcio Pochmann, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) “Quando a metodologia for de fato transparente, os dados do novo Caged podem ser ainda mais inferiores”, acrescentou.
Em 2021, os números oficiais seguem apontando crescimento e alimentando discurso ufanista do governo. Segundo o Ministério do Trabalho, o saldo de setembro foi de 313.902 vagas, o que levou o total do ano a 2,5 milhões. Mas os números do IBGE apontam desemprego em nível alto e certa recuperação baseada, principalmente, no trabalho informal.
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