O Brasil está prestes a abrir as portas para a internet de quinta geração. No dia 4 de novembro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realiza o leilão para conceder quatro frequências de radiodifusão (700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz, 26 GHz) a operadoras nacionais e internacionais.
O governo pretende arrecadar cerca de R$ 10 bilhões com a concessão, enquanto as empresas de telefonia deveriam investir cerca de R$ 39 bilhões para criar a infraestrutura necessária. Para cada frequência, a Anatel estabeleceu pré-requisitos básicos para a concessão, que vão desde instalação de novas antenas, aumento da conectividade nas escolas e rodovias federais.
Leia mais: 3G? 4G? 5G? O que significa isso afinal?
A internet 5G utiliza ondas milimétricas de alta frequência, por isso exige mais receptores e repetidores de sinal para transpor obstáculos fixos, como torres e edifícios. Por isso, a instalação da nova tecnologia prevê a construção de novas bases de conexão. Estados e municípios deverão alterar sua legislação permitindo a instalação de mais antenas em locais públicos.
As companhias mais avançanças na tecnologia 5G são Nokia, Ericsson, Samsung, Huaweii e ZTE. Por pressão dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a ameaçar impedir que as empresas chinesas disputassem o certame, que estava previsto para acontecer em março de 2020. No entanto, acabou voltando atrás, já que a medida implicaria em prejuízos para o país. Cerca de 40% da rede de internet instalada no Brasil utiliza componentes da Huawei.
Em todo o planeta, 65 países já utilizam internet de quinta geração. A China lidera o ranking, com 376 cidades conectadas e a maior zona 5G do mundo, na cidade de Shenzen, com 10 milhões de habitantes. Logo atrás estão os Estados Unidos, com 284 cidades conectadas à 5G, a Finlândia, com 95, e a Coreia do Sul, com 85 cidades, de acordo a um levantamento de junho de 2021 da empresa Viavi Solutions.
::Leilão do 5G no Brasil sem veto à Huawei expõe fracasso da narrativa anti-China::
A disputa para chegar antes na corrida tecnológica pela 5G é um dos elementos de fundo da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Ainda que a Casa Branca acuse Pequim de instalar mecanismos de espionagem nos seus aparelhos e tecnologia 5G, tanto a Huawei como a ZTE passaram por todos os testes de segurança digital.
Além de ter uma velocidade até 100 vezes superior à 4G, a internet de quinta geração promete conectar todos equipamentos eletrônicos, automatizar as vias públicas e popularizar o uso de inteligência artificial. Segundo a ONU, o setor de tecnologia da informação e telecomunicações atualmente já cresce cerca de 6% ao ano, em todo o planeta, e promete ser o carro-chefe do desenvolvimento econômico das próximas décadas.
Neste BdF Explica, detalhamos como funciona a internet de quinta geração e os aspectos geopolíticos por detrás da nova tecnologia.
Edição: Vinícius Segalla