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Programa Bem Viver: ‘Nossa ideia é devolver Marighella ao imaginário popular’, diz Wagner Moura

Para o diretor do longa “Marighella”, filme tem papel popular e político de reaproximar o líder político da população

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Wagner Moura é o convidado desta edição do BDF Entrevista para falar sobre Marighella, política e cultura. - Divulgação
Nossa vocação é ser um país diverso e inclusivo. Isso vai se refletir de 2022 para frente

Para o ator Wagner Moura, que dirige o filme “Marighella”, em exibição nos cinemas do país após quase dois anos de sucessivos boicotes pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), a produção nasce com um caráter popular e político. Ela tem, em sua visão, um papel claro de recontar a história do líder político Carlos Marighella, que lutou contra a ditadura militar, e de reaproximá-lo da população em um momento histórico em que a resistência se fazem novamente fundamental.

“A ideia inicial do filme é devolver para o imaginário popular esse homem que teve seu nome amaldiçoado. O que eu puder fazer para aproximar filme das pessoas pela qual Marighella lutou eu vou fazer”, disse em entrevista ao Brasil de Fato Entrevista, repercutida na edição de hoje (5) do Programa Bem Viver. “Um filme politico pode e deve ser popular. Não há contradição em falar do Brasil e de uma história com uma ligação profunda com o que acontece agora, sem abrir mão da complexidade dos personagens e do cinema.”

O filme estreou ontem (4) nos cinemas e cumpre uma agenda de projeções em ocupações urbanas e assentamentos rurais, junto a movimentos sociais. A estreia ocorre após uma série de ataques a produção feitas por autoridades e políticos do campo conservador e por sucessivos entraves burocráticos. Antes disso, ela percorreu festivais em Berlim, Seattle, Hong Kong, Sydney, Santiago, Havana, Istambul, Atenas, Estocolmo e Cairo, conquistando diversos elogios e premiações.

“Apesar de toda essa violência, dado o momento do país, nas nossas exibições temos a presença de pessoas, sobretudo as ligadas a movimento sociais, que tem dito que esse filme significa muito para elas, que a luta de Marighella é a luta delas. Isso é muito superior a qualquer tipo de violência e ataque. Estou muito feliz pela maneira como as pessoas têm abraçado o filme”, disse. “Os ataques dizem mais sobre estado das coisas no Brasil hoje do que sobre o filme. O fantasma de Marighlella causa mais medo do que na época que ele estava vivo.”

É a primeira vez que Wagner Moura dirige um longa. A produção conta ainda com Seu Jorge, Adriana Esteves e Bruno Gagliasso no elenco. Ela retrata a biografia do guerrilheiro Carlos Marighella, um político e líder popular que lutou contra o regime militar junto à Aliança Nacional Libertadora (ANL). Ele foi assassinado pela ditadura em 1969.

Na conversa, o diretor discutiu diversos aspectos do filme e foi taxativo ao afirmar que houve censura por parte da Ancine, o que explica o longa ter demorado tanto pra estrear. Wagner Moura aproveitou para comentar sobre a situação política atual do Brasil e sobre as perspectivas para o próximo ano.

“Está muito claro para a maioria da população brasileira a tragédia que é esse governo. Nas urnas o Bolsonarismo vai ser derrotado. O próximo presidente se distanciará dessa realidade trágica que a gente vive hoje”, avaliou. “É um período pedagógico porque mostra para a gente um país que a gente camuflou. O Brasil é um país com seu histórico retrógrado, racista e autoritário. Mas o Brasil é muito mais que isso. A vocação que temos é de ser um país diverso, belo, inclusivo, isso também está dentro de nós e vai se refletir de 2022 para frente.”

COP 26

O Programa Bem Viver volta a falar sobre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26). O evento iniciou no último domingo e segue até a próxima sexta-feira (12). Um dos principais debates do encontro é como reduzir o uso de combustíveis fósseis, que agridem a atmosfera e contribuem para o aquecimento global.

Para isso, nações ricas, como os países da Europa e os Estados Unidos, lançaram propostas ambiciosas de investir bilhões de dólares em fontes alternativas de energia. Uma das principais metas é focar em recursos minerais encontrados em abundância na América Latina.

No entanto, especialistas defendem que esse plano também pode ter efeitos negativos sobre o meio ambiente. O grande risco é de que, com as ações, os países ricos apenas transfiram os problemas para os países latino-americanos.

Língua portuguesa

Hoje é o Dia Nacional da Língua Portuguesa, idioma falado no Brasil e em mais oito países, por pelo menos 300 milhões de pessoas. Para comemorar a data, o Bem Viver separou um trecho de uma entrevista com a atual vencedora do Prêmio Camões, que celebra grandes nomes da literatura da língua portuguesa. Trata-se da escritora moçambicana Paulina Chiziane.

A conquista do prêmio foi histórica. Apesar de existir há 33 anos, ele foi entregue à mulheres apenas sete e Chiziane foi a primeira escritora de África a ganhar. Homens africanos já foram premiados, como o escritor Mia Couto.


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Edição: Sarah Fernandes