Depois de chegar a mais de 50 localidades da Região Metropolitana do Recife, a Campanha Mãos Solidárias/Periferia Viva deu mais um passo com a construção de uma cozinha comunitária nas palafitas do Pina, entre as pontes Paulo Guerra e Agamenon Magalhães, dentro do Rio Tejipió. A inauguração aconteceu na última sexta-feira (5), com um ato simbólico que reuniu moradores das palafitas, integrantes da campanha, Igreja Católica e diversos movimentos populares.
O espaço tem capacidade para produção de 500 refeições diárias e foi construído com doações arrecadadas pela campanha e com o trabalho e organização dos próprios moradores. “Tem dia que temos comida, tem dia que não tem. Hoje mesmo eu só tinha cuscuz, tive comprar dois ovos fiado na barraca para mim e minha filha tomarmos café”, conta Ivanise Serafim da Silva, moradora das palafitas e agora coordenadora da cozinha. “Estou muito agradecida por essas pessoas virem trazer alimentos para a nossa comunidade”, comemora.
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Esta é a primeira cozinha comunitária inaugurada em Pernambuco. O projeto foi pensado a partir do contato dos agentes populares de saúde com a comunidade durante a distribuição de marmitas, como conta Paulo Mansan, coordenador da campanha Mãos Solidárias e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
“Vindo para cá a gente se deu conta que tem duas grandes necessidades além da moradia, que é a fome que chega em larga escala e a falta de água. Então estamos tentando resolver a fome, em especial com esse processo da produção de alimentos. É pedagógico trazer os alimentos para a comunidade preparar. A partir desses dois projetos a gente criou este vínculo, esta pertença”, analisa.
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Os parceiros do Mãos Solidárias também estavam presentes no evento para celebrar mais uma ramificação da campanha para melhor atender as necessidades de quem mais precisa. Um dos colaboradores é Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne os trabalhadores da indústria de petróleo e gás.
“Parabenizamos a todos e todas por este projeto, que contempla aqueles que necessitam. A FUP é parceira desde o início do projeto”, diz Luiz Lorenzon, diretor da FUP e do Sindpetro PE/PB, lembrando das inúmeras doações de botijões de gás. “Sabemos da importância, principalmente neste período tão crítico que a gente tem vivido, em que o preço do gás está absurdo”, pontua.
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Moradoras de comunidades vizinhas também foram até a cozinha para ajudar a preparar os alimentos e veem a iniciativa como algo necessário para a área. “É muito importante para matar a fome dos nossos amigos e vizinhos. Aqui em Brasília Teimosa e no Pina, de uma forma geral, muita gente está passando necessidade e muita fome. Então esta cozinha para nós aqui do bairro, da vizinhança, é muito importante e vai suprir muitas necessidades para aqueles que não têm nada para comer no dia a dia”, afirma Carolina Patrício dos Santos, moradora de Brasília Teimosa e integrante da Marcha Mundial das Mulheres.
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Ao final do evento, um barco com 60 marmitas preparadas na cozinha foi até a comunidade Ilha de Deus para serem distribuídas pelo arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido; pelo o arcebispo auxiliar, Dom Antônio Limacedo; e por integrantes de diversos movimentos populares e sindicais. “Com muita alegria participamos da inauguração do projeto Cozinha Solidária aqui no Pina, uma experiência que com certeza vai animar as pessoas para a partilha dos bens, dos dons, para a partilha da Eucaristia”, avalia Dom Limacedo.
Como ajudar?
Para contribuir com a campanha Mãos Solidárias/ Periferia Viva e incentivar a criação de diversas outras cozinhas comunitárias pelo estado, a iniciativa está recebendo doações pelo PIX 09.423.270.0001.80.
Saiba mais
Desde o início da pandemia, a Campanha Mãos Solidárias realizou a doação de 690 mil marmitas e 890 mil toneladas de alimentos para quem tem fome de comida e de justiça social. Os alimentos, oriundos de assentamentos e acampamentos da luta por reforma agrária, são preparados no mercado e restaurante-bar Armazém do Campo e em seguida distribuídos em forma de marmitas, pelos agentes populares de saúde; ou enviados para bancos populares de alimentos nas comunidades.
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A campanha conta com a parceria do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), do Armazém do Campo Recife, da Arquidiocese de Olinda e Recife, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal Rural de Pernambuco, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e diversas outras organizações populares, sociais e sindicais.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vinícius Sobreira