Uma obra privada que está acontecendo em uma grande área da cidade de Ferraz de Vasconcelos é responsável pelo futuro ambiental da região. E os motivos são muitos: a área escolhida para construção era, em parte, usada para descarte incorreto de lixo. Este amontoado de lixo não foi retirado do local, apenas soterrado para alinhamento do solo. Além disso, o espaço possui uma nascente, chamada Vila Solar que também pode ser soterrada para dar lugar a um condomínio industrial com, pelo menos, 50 galpões.
A prefeitura da cidade de Ferraz de Vasconcelos apoia a construção do condomínio. O vice-prefeito da cidade, Daniel Balke, justificou, em vídeo publicado na página do Facebook, a ação realizada em Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais. Balke defendeu a construção de um Complexo Industrial na área para gerar empregos aos moradores da região, e afirmando que é melhor do que transformá-la em "lixão".
Raquel de Miranda, moradora do município e membro do Fórum Popular da Natureza, conta que árvores que haviam sido plantadas meses antes na área foram derrubadas e soterradas junto com todo o lixo que se torna tóxico por não ter sido aterrado de forma correta.
De acordo com Raquel, o fato de a área antes ser usada como descarte de lixo também é um problema da prefeitura, que deve ser resolvido de outra forma. "A obra avançou agora. A gente até achou bastante estranho porque avançou muito depois que a gente começou a desenvolver ações. E foi agora, em setembro e outubro. E, uma semana depois vieram com trator. A gente tinha feito uma ação de plantio. (Eles) derrubaram as árvores. Essa ação brutal, digamos assim, ela é bem recente".
Para o arquiteto e urbanista Newton Massafumi Yamato, além de fraudar lei federal que proíbe o soterramento de nascentes, todo habitat natural do entorno mudará sem a fonte natural de água. "Um olho d'água, uma nascente, é lugar muito precioso, porque reúne várias condições pra botar uma água muito boa, limpa. Existe um código florestal nacional que regula as nascentes do país inteiro para sejam protegidas".
Segundo Raquel de Miranda, a prefeitura nega a existência de uma nascente na área. O caso já foi protocolado e agora está nas mãos do Ministério Público do Estado de São Paulo. A moradora comenta que a área da nascente Vila Solar faz parte de um projeto do Fórum Popular da Natureza para ser transformada em parque ecológico.
"A gente fica de certa forma de mãos atadas, porque a prefeitura nega que exista uma nascente. Então, ela está trabalhando com o fato de não ter que proteger aquele ambiente. A gente acionou o Ministério Publico, apresentou toda a documentação que já tinha sido produzida do pessoal da região mesmo. E nós mantemos atualizada, porque a cada 15 dias tem um fato novo. Antes disso, a gente chegou a acompanhar o monitoramento da nascente.[...] E futuramente a gente pensa em fazer um parque ecológico", conta a moradora.
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