A população negra inserida no mercado de trabalho brasileiro é mais exposta ao desemprego e à chamada precarização, ganha menos, tem menos cargos de direção e foi mais atingida pela perda de vagas durante a pandemia.
As informações constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, e foram reunidas pelo Dieese, na semana em que se celebra o Dia da Consciência Negra. Várias atividades estão programadas a partir deste sábado (20).
No segundo trimestre, por exemplo, o rendimento médio de homens negros era de R$ 1.978, enquanto os não negros recebiam R$ 3.471, diferença de 43%. Já as mulheres negras ganhavam em média R$ 1.617, ante R$ 2.674 das não negras (-39,5%).
Efeitos da pandemia
A subutilização da mão de obra (pessoas que gostariam de trabalha mais) atinge 27,7% das mulheres não negras e 40,9% das negras. Entre os homens, 18,5% e 26,9%, respectivamente. Quase metade das mulheres (46%) e dos homens (48%) negros não têm proteção social, ante 34% e 35% dos não negros.
Do primeiro trimestre do ano passado ao segundo deste ano, o nível de ocupação caiu três vezes mais entre os homens negros (-6%) em relação aos homens (-2%). Entre as mulheres, essa queda foi, respectivamente, de 8% e 3%.
Assim, conforme o estudo, de aproximadamente 8,9 milhões de pessoas que perderam ou deixaram de procurar emprego nesse período de pandemia, 6,3 milhões eram negros.
Manifestações amanhã
Já estão confirmados pelo menos 113 atos neste sábado, em 105 cidades, para celebrar a Consciência Negra e também para denunciar o governo (#20NForaBolsonaroRacista). Na cidade de São Paulo, por exemplo, a concentração está marcada para o meio-dia, no vão livre do Masp, na avenida Paulista.
“As políticas econômica e social de Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, são responsáveis pela situação de miséria, fome, e desemprego vivida pela população brasileira”, afirma a CUT.
“A tragédia pela qual o país passa impacta de maneira ainda mais direta a população negra, unificando a luta pelas pautas da classe trabalhadora e as pautas urgentes de negros e negras.”
DNA África
Em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a Câmara realizará sessão solene na próxima terça-feira (23), por iniciativa da líder do PT na Casa, vereadora Ana Nice. Segundo a assessoria da parlamentar, foram realizados testes de DNA e Mapeamento Genético de Ancestralidade em 13 pessoas negras de diferentes famílias, além da própria vereadora, cujos resultados serão apresentados durante o evento.
:: Debate sobre o racismo deve ser permanente e não apenas em novembro ::
Ela é autora do Projeto de Lei (PL) 96/2021, que propõe a criação do programa “São Bernardo do Campo DNA África”, que tramita na Câmara.
“O programa visa possibilitar que os Descendentes de Negros Africanos Escravizados no Brasil (DNAEBs), residentes na cidade, realizem exames de DNA para Sequenciamento e Mapeamento Genéticos de Ancestralidade com a finalidade de localização da origem geográfica e familiar”, informa o gabinete.