O Dia da Consciência Negra foi instituído pela Lei nº 12.519, de novembro de 2011. É uma referência à data do assassinato de Zumbi dos Palmares, em 1695.
Ao lado da companheira Dandara, Zumbi liderou o maior quilombo do período colonial, fundado por negros que fugiam do trabalho escravo em engenhos de açúcar.
A escravatura foi abolida no Brasil em 1888, mas pessoas negras continuam sofrendo discriminação: são maioria entre os pobres e minoria entre os ricos.
Todos os direitos conquistados desde então foram na base da luta. Esse é o sentido das manifestações de rua neste sábado (20), que se somam à Campanha Nacional Fora Bolsonaro.
Fundador da Coalizão Negra por Direitos e da Uneafro, Douglas Belchior defende a unidade no Dia da Consciência Negra, pois considera que “Bolsonaro promove uma desvalorização da vida negra em todas as dimensões de seu governo.”
“Se existe um contraponto real e imediato à existência do Bolsonaro, é a existência da vida negra”, acrescenta.
Uma pesquisa da Rede Penssan, com dados de 2020, mostrou que quando a pessoa de referência na casa é negra, 10,7% das famílias convivem com a fome; se é branca, 7,5%.
Dados do início de julho mostram que as mortes por doença respiratória durante a pandemia cresceram 71% entre os negros e 24,5% entre os brancos. Maioria da população, os negros receberam apenas 23% das vacinas contra a covid-19 no Brasil.
A educadora Iêda Leal, coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), diz que consciência negra e consciência de classe precisam caminhar juntas. Ou seja, trabalhadores brancos e indígenas também devem participar dos atos.
“Quem acredita que uma sociedade deve ser construída com base na solidariedade, no respeito e na valorização da vida precisa estar conosco para a gente continuar lutando contra o racismo”, convoca.
A decisão dos movimentos populares e centrais sindicais de transferir o ato contra Bolsonaro do dia 15 para se juntar ao 20 de novembro reforça o protagonismo do povo negro na resistência ao governo Bolsonaro.
Para Gilmar Mauro, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) a decisão foi acertada. “É uma data histórica. Anualmente, as mobilizações são intensas. Todo o movimento popular deve se somar ao movimento negro.”
Acompanhe no Brasil de Fato os horários e locais dos atos em sua cidade, além da cobertura minuto a minuto das manifestações.
Edição: Leandro Melito