DISPUTA ACIRRADA

No Chile, presidência será definida entre extrema direita e progressismo no 2º turno

José Kast, considerado o "Bolsonaro chileno", ganhou o primeiro turno com 27,9% da preferência do eleitorado

São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

José Antônio Kast (Partido Republicano) foi o melhor colocado no primeiro turno e irá concorrer à presidência no dia 19/12 com Gabriel Boric (Aprovo Dignidade) - Martin Bernetti / AFP

O Chile celebrou suas eleições gerais no último domingo (21) e o resultado revelou a polarização da sociedade chilena. Na disputa pela presidência, o candidato de extrema direita José Antonio Kast obteve o primeiro lugar com 27,9% da preferência, em seguida está o representante do campo progressista Gabriel Boric com 25,8% da votação.

Este é o resultado mais apertado desde 1999 e a primeira vez que os partidos mais tradicionais do país ficam foram do segundo turno desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Enquanto Boric se impôs na região metropolitana de Santiago e em Valparaíso, Kast venceu em toda região sul do país.

José Antonio Kast busca apoio de Franco Parisi (Partido da Gente do Chile), que surpreendeu ao obter o 3º lugar, com 13% dos votos, após realizar toda sua campanha fora do país, e Sebastitán Sichel (Vamos Chile), quem obteve 12,55% da votação. Parisi está fora do Chile evadindo um processo judicial que poderia levá-lo à prisão pela falta de pagamento de pensão alimentícia. 

“Nossa candidatura vai libertar o país da corrupção, da delinquência, do narcotráfico e do terrorismo. Vamos devolver o Chile ao caminho do crescimento econômico”, disse Kast em discurso após o fechamento das urnas. “No dia 19 de dezembro nós vamos decidir entre a liberdade e o comunismo, entre a democracia e o comunismo", afirmou o candidato de extrema direita.

:: Chile decreta Estado de Exceção em área revindicada por índios mapuches ::

O segundo colocado, Gabriel Boric, reconhece que terá que correr atrás da diferença de quase 300 mil votos até o segundo turno no dia 19 de dezembro, "para ganhar o segundo turno precisamos ser humildes e receptivos, jamais arrogantes", afirmou.

O candidato progressista também afirmou ser o nome para representar a revolta social de 2019: “Não fomos às ruas na revolta social para que aquela receita que gerou o país que temos hoje continue no poder. Temos que defender a Assembleia Constituinte. Temos que fazer a esperança vencer o medo”.

O presidente Sebastián Piñera felicitou os dois candidatos, "sabemos que o Chile precisa de mudanças, mas isso deve acontecer com paz e justiça", declarou ao final da apuração no Palácio La Moneda.

No legislativo chileno, os partido tradicionais conseguiram manter sua força. Entre os 50 senadores, a maior bancada é da chapa de direita Chile Podemos Mais com 24 senadores, seguida da chapa Novo Pacto Social, dos partidos da antiga Concertação Chilena, com 18 cargos. 

Já na Câmara de Deputados, Chile Podemos Mais obteve 56 deputados, seguida da chapa Novo Pacto Social, que venceu 36 cadeiras, enquanto a chapa Aprovo Dignidade, de Gabriel Boric, ficou em terceiro lugar com 35 parlamentares  do total de 155 cadeiras.

* Com informações de Opera Mundi, La Tercera e Telesur. 

Edição: Thales Schmidt