VITÓRIA

Após conquista de reposição salarial, jornalistas suspendem paralisação

Após 6 meses de negociação, mais de 300 jornalistas aprovaram proposta que contempla maior parte da categoria.

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Os pagamentos serão feitos escalonados, sendo 5% na data-base (junho) e o restante no mês de dezembro - Eduardo Viné - SJSP

Foram 3 assembleias entre a manhã de quarta-feira (24) e a manhã de quinta-feira (25) reunindo mais de 300 jornalistas de jornais e revista da capital. Após 6 meses de negociações, a categoria conquistou a reposição salarial com base na inflação do período de 8,9% (no período de junho de 2020 a maio de 2021), segundo INPC para salários de até R$ 10 mil e reajuste fixo de R$ 890 para remunerações superiores.

A Convenção ainda irá ajustar a multa da PLR com a mesma porcentagem. Os pagamentos serão feitos escalonados, sendo 5% na data-base (junho) e o restante no mês de dezembro.

O resultado foi visto como uma vitória pela categoria, que durante a assembleia, lembrou que as negociações começaram com a proposta de reajuste nenhum. "Esse dia 25 deverá ser lembrado pelos jornalistas e pelas jornalistas não somente por termos alcançado o mínimo, o reajuste justo que é a reposição da inflação, mas é a lembrança viva de que jornalista é trabalhador e que os jornalistas têm que lutar pelos seus direitos" lembrou Thiago Tanji, presidente do Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP).

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Paralisação cancelada

Frente a vitória, a categoria cancelou a paralisação de quatro horas que estava marcada para esta quinta-feira (25). Os profissionais, no entanto, seguem mobilizados “ano que vem está aí” lembrou jornalista da assembleia, também reivindicam o pagamento do piso salarial para todos. A categoria ainda lembrou por diversas vezes sobre o anúncio do fim do Jornal Agora, que terá sua última edição publicado neste domingo (28).

Na assembleia, os mais de 300 jornalistas aprovaram uma carta para ser enviada ao Sindicato Patronal (Sindjor), uma moção de apoio aos trabalhadores da EBC, que iniciam greve às 00h00 desta sexta-feira (26), e uma carta em solidariedade aos trabalhadores do jornal Agora.

Leia a carta na íntegra:

Os jornalistas reunidos nesta Assembleia aprovam a carta abaixo, a ser direcionada ao Sindjor

Após uma mobilização histórica da categoria, concluímos a negociação para o reajuste salarial referente a 2021/2022. O resultado final não é necessariamente justo, mas o possível de se alcançar após meses de desgastantes negociações.

As condições agora pactuadas demonstram a necessidade de estabelecer novos parâmetros de respeito e diálogo nas próximas mesas de debate.

A negociação agora concluída começou com uma oferta de 0% do sindicato patronal, e está sendo encerrada com 8,9% para os profissionais que recebem até R$ 10 mil a partir de dezembro, e um fixo de R$ 890 para os demais.

Fica claro o caráter desrespeitoso e protelatório da primeira proposta à luz do resultado final.

Negociações pressupõem ajustes e disputas. São naturais no processo. Mas as duas partes precisam estar dispostas a chegar a um acordo que represente o esforço proporcional de ambas as partes.

O comportamento do sindicato patronal na atual negociação levou a uma mobilização histórica, fazendo crescer na categoria uma consciência de classe até então perdida. Uma paralisação de duas horas foi realizada com grande mobilização e uma de quatro horas foi aprovada.

Contudo, ele também gerou intenso desgaste pessoal aos profissionais. Seguidas reuniões, assembleia permanente e discussões. Parte delas desnecessárias, tendo em vista que a proposta atual circulava pelas cúpulas dos jornais há três semanas.

Em meio à negociação, houve o encerramento do jornal Agora e seus profissionais ainda têm seu futuro incerto. Ainda que não haja clareza sobre o vínculo da decisão e sua data de anúncio com a negociação, este foi mais um motivo de insatisfação entre os profissionais.

Os jornalistas presentes à assembleia exigem que a próxima campanha salarial, num cenário com inflação ainda maior, se inicie em termos reais e respeitosos para uma negociação. A mobilização dos jornalistas na atual campanha permanece para as seguintes, a fim de que tenham o poder de compra de seus salários respeitado.

Diante da pandemia e dos crescentes ataques a jornalistas, desafios que os repórteres encararam de frente, a cada vez mais necessária defesa da democracia passa pela valorização dos profissionais.

 

Edição: Vinícius Segalla