Em meio a uma "falsa sensação de segurança" causada pela proteção oferecida por vacinas, a Europa voltou a ser o epicentro mundial da pandemia de covid-19, afirmou nesta quarta-feira (24) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Em vídeo divulgado no Twitter, o diretor-geral da OMS afirmou: "Em muito países e comunidades, estamos preocupados com uma falsa sensação de segurança de que vacinas acabaram com a pandemia de covid-19 e de que as pessoas que estão vacinadas não precisam tomar nenhuma outra precaução."
Ele apontou que, antes do surgimento da variante delta do coronavírus, as vacinas contra a covid-19 reduziam a transmissão em cerca de 60%. "Com a delta, isso [a redução da transmissão] caiu para cerca de 40%."
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A variante delta, mais contagiosa que a primeira cepa do Sars-Cov-2, é atualmente a versão do vírus dominante no mundo. De 845 mil sequenciamentos do vírus com base em amostras coletadas nos últimos dois meses e enviadas à iniciativa científica global GISAID, de compartilhamento de dados sobre as linhagens do Sars-Cov-2 em circulação, 99,8% eram da variante delta. A informação consta do relatório epidemiológico semanal da OMS.
"Vacinas não impedem completamente a transmissão"
"Vacinas salvam vidas, mas não impedem completamente a transmissão", ressaltou Ghebreyesus, pedindo que as pessoas usem máscaras, mantenham distância, evitem aglomerações,e encontrem outras pessoas em ambientes ao ar livre, se possível, ou em ambientes fechados bem ventilados e lavem as mãos.
Além da vacina, tais medidas, segundo autoridades da OMS, continuam sendo uma ferramenta chave para frear a transmissão do coronavírus.
"Se você tomou a vacina, você corre um risco muito menor de desenvolver um quadro grave da doença ou até de morrer, mas ainda corre risco de ser infectado e de infectar outras pessoas", disse Ghebreyesus.
"Mesmo vacinado, continue tomando precauções para evitar ser infectado e infectar alguém que poderia morrer", alertou o diretor-geral da OMS.
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Europa registra 60% das novas infecções
Segundo Ghebreyesus, na semana passada, mais de 60% dos casos de covid-19 registrados e mortes relacionadas à doença ocorreram na Europa. O número de novas infecções já está se traduzindo numa pressão insustentável para sistemas de saúde e na exaustão de funcionários, disse o diretor-geral da OMS.
Autoridades da OMS advertiram que o vírus Sars-Cov-2, causador da doença, continuará sendo intensamente disseminado no inverno europeu, num momento em que, motivadas pela época de festas de fim de ano, populações de vários países estão voltando a uma rotina de encontros sociais com níveis comparáveis aos do período pré-pandemia.
"Estamos de volta a níveis pré-pandêmicos de encontros sociais [na Europa], mesmo em meio ao aumento muito forte de novos casos e até em alguns países com forte pressão sobre seus sistemas de saúde", disse o diretor de emergências de saúde da OMS, Mike Ryan. "A verdade é que o vírus vai continuar sendo espalhado intensamente nesse tipo de ambiente."