É possível pensar nos encontros e nas viagens sem se descuidar
Com os números da pandemia sob controle e em queda praticamente constante durante todo o segundo semestre, o Brasil se prepara para um fim de ano com menos restrições e mais encontros. Mas os acontecimentos da semana mostram que algumas preocupações relativas ao coronavírus vão continuar parte da realidade.
No período em que o Brasil alcançou mais de 60% da população totalmente imunizada, o mundo voltou a acender alerta máximo, frente ao crescimento de casos na Europa e à identificação de uma nova cepa, chamada omicron, que preocupa autoridades. Os sinais de risco, no entanto, parecem não sensibilizar as autoridades brasileiras.
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O governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que vai desobrigar o uso de máscara em locais abertos a partir do dia 11 de dezembro. Segundo a Confederação Nacional de Municípios, 38 cidades adotaram medidas semelhantes, 10% do total.
Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assumiu a possibilidade de um novo surto, "vem uma quarta onda por aí, lamentavelmente". Ao responder ao pedido de uma apoiador pelo fechamento dos aeroportos, no entanto, ele usou a palavra "loucura" para classificar a ideia.
A medida já vem sendo tomada por governos de diversos países. Na sexta-feira (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica recomendando restrição a voos e viajantes procedentes da África do Sul, de Botsuana, de Eswatini, do Lesoto, da Namíbia e do Zimbábue. A variante já foi encontrada também na Bélgica e em Israel.
Como se proteger?
Em participação no podcast A Covid-19 na Semana, o médico de família e comunidade Aristóteles Cardona, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, afirma que medidas já conhecidas são ainda mais importantes em ocasiões que reúnem várias pessoas.
"Mesmo considerando essas possibilidades que podem fazer com que a gente rearranje os nossos planos, é possível pensar nos encontros, nas viagens, no que quer que seja, sem se descuidar". Ele pontua os princípios básicos de proteção contra o coronavírus: usar máscara, evitar ambientes fechados e fugir de aglomerações.
"Vamos nos reunir com outras pessoas? Vamos, mas se puder, que sejam confraternizações sem tanta gente, mais limitadas. Se possível, fazer em locais abertos. Quando for inevitável estar em local fechado, manter o uso de máscara. São cuidados que, somados, nos ajudam a diminuir o risco.
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Ainda de acordo com o médico, outro ponto importante é a busca por informação para embasar as decisões, "Temos que estar preparados para ir acompanhando as notícias e ver o que vai acontecendo nas próximas semanas. Essa leitura vai nos ajudar a ser um pouco mais rígidos ou não nos cuidados".
Apesar de já ter mais de 60% da população com o esquema vacinal contra a covid completo, o Brasil registra desigualdades na situação de cada estado. Em algumas unidades da federação o índice ainda é inferior à 40%. Os encontros entre populações mais protegidas e menos protegidas também podem representar perigo. "o vírus está circulando e está provocando risco de nova cepa"
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"Graças a essa cultura vacinal, associada a uma rede espalhada por todo país, a gente está melhor que países que compraram vacinas muito antes. Entretanto, esses números não podem nos enganar. Para a gente realmente ficar tranquilo a gente tem que chegar a 80% da vacinação completa. Ainda tem uma caminhada pela frente".
Para ele, os encontros são também uma oportunidade para trocar informações, "Ainda temos tempo pela frente e temos que vacinar as pessoas. Há milhões de brasileiros que estão com a segunda dose atrasada. Vamos buscar essas pessoas, conversar, porque quanto mais pessoas vacinadas, mais proteção para todos nós".
Ouça o podcast na íntegra no tocador de áudio abaixo do título desta matéria
Edição: Vinícius Segalla