Plantio, compostagem e lazer são algumas das atividades que a comunidade quer desenvolver na área de 57 mil metros quadrados denominada Parque Ecológico do Brejinho. O espaço, que equivale a cinco campos de futebol, fica localizado na região da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), e abriga cinco nascentes que compõem o córrego São Francisco.
Após mais de duas décadas de luta, a comunidade conquistou a abertura do Parque e a sua proteção pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. Para a servidora pública aposentada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e moradora do bairro Santa Rosa, Lindaura dos Santos, a conquista só foi possível devido ao envolvimento amplo da comunidade.
Local abriga cinco nascentes do córrego São Francisco
“O nosso processo do Brejinho começou em 1997 envolvendo escolas, faculdades, igrejas, lideranças comunitárias, núcleos ambientais e toda a comunidade da região Norte e Pampulha de BH”, enfatiza Lindaura ao Brasil de Fato MG.
O parque foi entregue à comunidade pela Prefeitura de Belo Horizonte no fim de setembro deste ano.
Duas décadas de mobilização
No ano de 1997, com a chegada de empresas e condomínios próximos à área do Brejinho, a comunidade começou a se articular pela preservação das nascentes presentes no território.
Lindaura relembra que diversos líderes comunitários se envolveram para garantir que a área se transformasse em um parque ecológico. "Nós fizemos festa junina, barraquinha de vendas e tudo mais, para arrecadarmos dinheiro para conquistarmos a área para o parque”, declarou.
No ano de 2006, por meio do orçamento participativo, a comunidade conquistou um valor próximo a R$ 2 milhões para aquisição do terreno do parque. Porém, as obras ficaram abandonadas, parte do território foi invadido e apenas uma portaria foi construída no terreno.
Luta pelo parque começou em 1997 envolvendo escolas, faculdades, igrejas e comunidades
“Em 2011, fomos atropelados pela construção da bacia de contenção das enchentes da Pampulha, que não priorizou a preservação das áreas verdes. Terras que faziam parte da área do Brejinho e matas ciliares no Córrego São Francisco desapareceram”, enfatiza Lindaura, ao resgatar dificuldades encontradas pela comunidade.
No ano de 2017, o Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH Velhas) contribuiu para a recuperação das nascentes do Brejinho e, por meio do Projeto de Valorização de Nascentes Urbanas, em parceria com o Subcomitê do Ribeirão Onça, realizou serviços de limpeza, plantio de mudas nativas, identificação de área e construção de passarela no Brejinho.
Já em 2019, foi criado um o projeto agroflorestal por moradores, estudantes e movimentos agroecológicos da cidade, em parceria com o Projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais e a Secretaria de Segurança Alimentar da Prefeitura de Belo Horizonte.
O Projeto Manuelzão, por meio de um de seus núcleos, já desenvolve atividades no território, contribuindo na construção de um local de brinquedos para crianças e uma pista de caminhada e ciclismo.
Moradores celebram a conquista
Os moradores dos bairros do entorno, sonham em ver as nascentes e a área verde preservadas e o local abrigando atividades de lazer e socialização.
Aconteceu na sexta-feira (26), por iniciativa da comunidade junto ao Comitê de Bacias Hidrográficas Rio das Velhas, ao Subcomitê Ribeirão Onça, ao Núcleo Manuelzão do Brejinho e em parceria com a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica de Belo Horizonte, uma celebração de moradores da região Pampulha, na capital mineira, para comemorar a abertura do Parque Ecológico do Brejinho.
Na ocasião os moradores realizaram um plantio simbólico de mudas.
“É uma área verde usada há anos pelas escolas da região para atividades externas relacionadas ao meio ambiente, além de ser um espaço reconhecido pelos moradores como de extrema importância para a cidade, por suas possibilidades de lazer e por abrigar diversas nascentes. Estamos felizes em ver isso acontecer, fruto da mobilização popular”, diz Maria Conceição Amaral, uma das lideranças do movimento pelo Parque do Brejinho.
Curta metragem conta história da luta pelo parque
Lançado em 2017, um curta metragem retrata a história de luta da comunidade pela conquista do Parque Ecológico do Brejinho. O filme foi produzido durante a oficina de cinema e produção audiovisual - Cinema Nascente, promovida pelo Projeto Valorização de Nascentes Urbanas do Ribeirão Onça - realizado pelo Comitê da Bacia do Rio das Velhas e o Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Onça.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Elis Almeida