Queremos aumentar nossa produção para que as companheiras não precisem trazer renda de fora
Se você acha que para comprar massas frescas e de qualidade é preciso ir a rotisserie italianas e pagar caro, é hora de mudar esse conceito. Um coletivo de mulheres camponesas do município de Castro, no Paraná, inauguraram uma agroindústria que tem com carro chefe a produção de massas artesanais, feitas apenas com ingredientes naturais e orgânicos, sem qualquer aditivo químico.
Juntas, as 13 mulheres do coletivo produzem massas, conservas, doces, panificações e 14 sabores de macarrão caseiro, incluindo ervas frescas, beterraba e cenoura. Com o passar do tempo as receitas foram se aprimorando para garantir mais durabilidade e hoje as massas secas têm validade de até três meses. Já as frescas precisam ser consumidas na hora.
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Todo processo é organizado no acampamento Maria Rosa do Contestado, com apoio da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por meio de incubadoras de projetos sociais, as instituições de ensino conseguiram adquirir equipamentos ao projeto, entre eles três cilindros elétricos para produção de massas.
Rosane Mainardes, que é integrante da coordenação da agroindústria e moradora da comunidade, lembra que o projeto começou de forma voluntária, em uma ação de doação de alimentos, e já trouxe mudanças significativas para as famílias assentadas.
“É uma mudança para toda a comunidade. Na parte jurídica, mostra que estamos em um acampamento que luta e batalha para produzir e para trazer recursos para as famílias. Queremos aumentar nossa produção para que nossas companheiras não precisem sair para trazer renda de fora”, disse.
As massas, doces e pães produzidos na agroindústria já tem destino certo: elas estarão disponíveis para compra na rede Produtos da Terra Paraná, com venda online, e em feiras de Curitiba. Além disso, poderão ser adquiridas no projeto de sacolas agroecológicas da Incubadora de Empreendimentos Solidários e no Laboratório de Mecanização Agrícola, ambos ligados a Universidade de Ponta Grossa.
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Como próximo passo, o objetivo do coletivo de mulheres é comercializar as massas caseiras com o Programa de Alimentação Escolar de Castro, ampliando a renda da comunidade e garantindo opções saudáveis para as crianças que estudam nas escolas públicas do município, como conta Rosane. “Nosso macarrão vai ser mais saudável que os de la fora, porque só usamos as hortaliças que produzimos aqui, orgânicas”.
Por isso, não são só os pequenos que podem se beneficiar das massas caseiras. Segundo a nutricionista Júlia Ramos, consumir alimentos sem aditivos químicos e produzidos a partir de produtos orgânicos é garantia de saúde também para os adultos.
Desde março de 2020, o acampamento Maria Rosa do Contestado, formada por pelo menos 100 famílias, tem certificação orgânica em parte importante da sua produção. Além de alimentos sem agrotóxicos, as famílias também tratam e comercializam sementes crioulas, aquelas ancestrais, que não passaram por alterações genéticas de grandes indústrias.
O trabalho das mulheres do acampamento faz parte da Cooperativa dos Trabalhadores Rurais da Reforma Agrária Maria Rosa do Contestado, que também tem como associados pequenos agricultores da região. É a prova que a juntos é mais fácil colocar a mão na massa para realizar sonhos.
Confira a lista completa de produtos da Cooperativa:
– Macarrão sabores açafrão, beterraba, cenoura, colorau, ervas, espinafre, ora pro nobis, couve, batata doce, misto, integral e natural.
– Conservas mistas de cenoura, brócolis, couve flor, ervilha, beterraba, brócolis, chuchu, couve flor, pepino, repolho, cebola, cenoura e rabanete.
– Pão caseiro, pão de fubá, broa, kukas e bolachas caseiras.
– Massas frescas para pastel e lasanha.
Edição: Douglas Matos