A Coalizão Negra por Direitos realiza entre esta quarta (1) e sexta-feira, em Olinda (PE), o encontro nacional “Enquanto houver Racismo, não haverá Democracia!”. A iniciativa nacional de articulação do movimento negro congrega mais de 250 organizações, e pela primeira vez realiza um evento nacional deste porte em Pernambuco.
O encontro recebe lideranças de organizações negras de todo o país e parlamentares de diferentes partidos para fazer uma análise de conjuntura aprofundada e discutir a agenda de demandas, proposições e as estratégias de incidência da Coalizão rumo às eleições de 2022. O evento tem formato híbrido, com participação presencial de cerca de 100 pessoas e com transmissão online para membros das organizações que compõem a Coalizão Negra por Direitos e convidados.
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Na mesa de abertura, Mônica Oliveira, representante da Articulação Negra de Pernambuco (ANEPE) ressalta que o lema do evento toca diretamente nas desigualdades vividas pelo povo negro " Até aqui, o Estado brasileiro não operou para gerar mudanças estruturais da população negra. O único resultado possível para mim é a vida concreta das pessoas negras. Nossas vidas são inegociáveis", ressalta.
Entre os participantes estarão os militantes Anielle Franco, Douglas Belchior, Maria José Menezes, o professor Hélio Santos e diversas outras lideranças de organizações negras do Brasil. Já entre os parlamentares, estão confirmados nomes como os dos deputados federais Talíria Petrone (PSOL - RJ) e Orlando Silva (PCdoB - SP); as codeputadas estaduais Jô Cavalcanti e Robeyoncé, das Juntas (PSOL - PE); e em nível municipal, os vereadores Vinicius Castello (PT - Olinda) e Divaneide Basílio (PT - Natal) estarão presentes no evento.
O avanço do conservadorismo e do fascismo no país, com o aprofundamento do racismo, agudizou ainda mais as desigualdades raciais, de gênero e de classe. O recrudescimento da violência, o aumento da extrema pobreza e da fome, como resultado da perda de direitos e dos cortes nas políticas sociais têm empurrado a população negra para condições ainda mais precárias de vida, como exemplifica Dandara Hudson, que fala das lutas das pessoas trans e travestis negras:
"As mulheres trans têm morrido com requintes de crueldade, queimadas. Como pensamos a ocupação política a partir de uma perspectiva transgênera e travesti, enquanto estamos tentando sobreviver?" questiona.
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De olho em 2022
Parte das metas do encontro está a operação de estratégias de ampliação da presença do movimento negro nos espaços da política institucional, a fim de garantir uma representatividade que tome decisões e defina políticas fundamentais na vida cotidiana da população negra brasileira.
O último dia da programação será exclusivamente dedicado ao debate com parlamentares negros e negras que atuam em parceria com a Coalizão e lideranças que estão pré-candidatas ao pleito em 2022.
Sobre a Coalizão Negra por Direitos
A Coalizão Negra por Direitos reúne grupos e coletivos do movimento negro brasileiro para promover ações conjuntas de incidência política nacional e internacional. As entidades definem estratégias para intensificar o diálogo com o Congresso Nacional e com instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a pauta racial, além de fortalecer ações nos estados e municípios brasileiros nesse sentido.
Fonte: BdF Pernambuco
Edição: Vanessa Gonzaga