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‘Quem lê se torna um engenheiro das palavras’, diz poeta cabo-verdiano ao Programa Bem Viver

Escritor e engenheiro sanitarista, Ailton Moreira lança em dezembro seu segundo livro de poesias

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“Sou engenheiro e poeta, são duas facetas de mim interligadas. Não consigo desligar uma da outra”, diz Ailton Moreira - Divulgação
Apesar da pandemia não deixamos de ver casos de racismo. É uma feriada aberta

Já ouviu falar de “engenharia das palavras”? O poeta, músico e escritor cabo-verdiano Ailton Moreira, que também é engenheiro sanitarista, criou a expressão para unir o que chama de “duas facetas de si”: o artista e o matemático. Porém, para ele, quem se torna engenheiro ao ler é o próprio leitor, responsável por dar o “alicerce para as palavras”.

“Fiz um trocadilho mostrando que todo mundo que está lendo é um engenheiro das palavras. O poeta cria ou arquiteta a palavra, coloca de um jeito específico para fazer a construção de um poema, mas quem vai trazer as bases e dar alicerce para as palavras é o leitor”, disse em entrevista à edição de hoje (2) do Programa Bem Viver. “Sou engenheiro e poeta, são duas facetas de mim interligadas. Não consigo desligar uma da outra.”

O autor lança em dezembro seu segundo livro de poesias, “Lírios no Quintal”, primeira publicação em português. A obra reúne suas vivências e percepções durante a pandemia do coronavírus, com destaque para o acirramento das desigualdades e de eventos racistas.

“É uma resposta a tudo o que eu vivi nos seis primeiros meses da pandemia, em Florianópolis. Todo mundo sentiu o impacto da covid-19 nas relações humanas e no convívio”, disse. “Tivemos também vários episódios sociais importantes, que devem ser sempre lembrados. Apesar de estarmos em plena pandemia não deixamos de ver casos de racismo no mundo, que demonstram vícios históricos que não estão superados. É uma feriada aberta.”

Conheça e acompanhe Ailton Moreira.

Dia do Samba

Hoje (02), Dia Nacional do Samba, o Bem Viver presta uma homenagem a esse que é o ritmo musical mais popular do país e a um dos seus principais expoentes, o músico Jackson do Pandeiro.

As raízes do samba brasileiro atravessaram o oceano Atlântico, entre ritmos e sentimentos de pessoas trazidas à força de África como escravizadas. Hoje ele está na Marquês de Sapucaí, em rodas de samba no sertão ou mesmo em velhas gafieiras.

Na comunidade quilombola de Mussuca, em Laranjeiras (SE), o chamado Samba de Pareia é feito para celebrar um nascimento. A parte dançada do ritual é conduzida essencialmente pelas mulheres e os homens devem se concentrar apenas na execução musical.

Apesar da importância cultural, o samba foi bastante perseguido. Logo após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, a legislação do país chegou a tipificar esse gênero musical como crime.

Resistência popular

A luta pela permanência do acampamento Marielle Vive, em Valinhos (SP), que teve ordem de despejo proferida, ganhou o apoio internacional, de personalidades reconhecidas pelo seu engajamento político. Os pensadores Noam Chomsky e Vijay Prashad, por exemplo, manifestaram seu apoio através de carta.

No local vivem 450 famílias de agricultores ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que construíram residências, escola, cozinha comunitária e fazendas agroecológicas na área, improdutiva e abandonada até 2018.

A ação judicial de reintegração de posse foi proferida pela Justiça de São Paulo, em favor da fazenda Eldorado Empreendimentos Imobiliários, que detém os registros em cartório de propriedade da área.

Massas artesanais agroecológicas

Um coletivo de mulheres assentadas de Castro (PR) produz massas artesanais a partir de produtos agroecológicos, sem aditivos químicos. A experiência reúne 13 trabalhadoras, que oferecem opções mais saudáveis e menos processadas para o consumo de massas frescas e secas, de diferentes sabores.

A produção é um dos exemplos de compromisso com ações de promoção de saúde, relações sociais justas e compromisso ambiental.


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Edição: Sarah Fernandes