FUTEBOL FEMININO

Artigo | Existe um campeonato, mas continuamos invisíveis dentro e fora de campo

Campeonato estadual feminino inicia com os desafios de sempre: falta visibilidade, valorização e torcida

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
Jogadoras do Botafogo-PB e comissão técnica. - Site Botafogo-PB

O Campeonato Paraibano Feminino de Futebol está sendo realizado desde o dia 20 de novembro e segue até o dia 5 de dezembro de 2021. Ao todo são sete times na disputa: Avaí-PB, Botafogo-PB, Perilima, VF4, Kashima-PB, Mixto-PB e Treze. São apenas três semanas dedicadas ao campeonato estadual feminino que, para a consciência de muitos, já cumpre a tabela de suficiente. Uma pena!

O Botafogo confirma seu favoritismo e vem tendo um aproveitamento total na primeira fase do campeonato. As ‘Belas’, como são conhecidas pela torcida, atropelaram o Avaí numa partida nesta quarta-feira, dia 1 de dezembro, que totalizou 10 gols do Botafogo contra 0 do Avaí. A jogadora do Botafogo Williane foi o destaque da partida com quatro gols marcados. Com isso, as belas já se classificam para as semifinais que ainda não tem datas e locais definidos para acontecer.

Futebol Feminino: por que ainda tão invisível?

Repetimos a mesma ladainha de outros anos de que:  claro que adiantamos, claro que evoluímos, claro que a existência de sete times disputando um campeonato estadual tem a sua importância, mas precisamos de muito mais. E essa frase quando dita gera o burburinho de: “e vocês querem mais o que?”.

Queremos mais tempo dedicado a pensar o espaço do futebol feminino no calendário paraibano, mais empenho em buscar talentos, mais valorização do tempo que as meninas se dedicam para treinar – lembrando que as mulheres que jogam futebol trabalham e estudam em outras áreas, pois não dá pra viver só do futebol. Queremos simplesmente igualdade e estamos cansadas de repetir isso todo dia. Sim, temos um campeonato paraibano, mas em tempos de facilidade de comunicação é inaceitável que essa informação não chegue a uma gama de gente. Por que o espaço dedicado a mostrar, incentivar, apostar e acreditar no futebol feminino é restrito, impensado e repentinamente jogado para uma matéria de jornal que fica num canto inalcançável?

Vocês podem até bradar e bater no peito, mas ainda queremos, precisamos e merecemos mais.  E aqui nem vou apontar a falta de olhar para o futebol feminino no sertão e alto sertão.

Nossa, é cansativo ainda precisarmos do óbvio, do pouco, de três semanas!

Caminhamos, mas está pouco. Oferecemos, mas é quase nada. Discutimos, mas falta praticidade. Torcemos, mas não nos fazemos presentes.

Não é um post em rede social que fará a revolução, são políticas afirmativas dentro dos clubes, são atitudes práticas. Existe uma tabela, existe um campeonato, existe realmente algo acontecendo, mas será que é o suficiente? Falta parar para escutar as mulheres, o que elas necessitam dizer. Tá faltando peça no quebra-cabeça, temos pressa de viver e jogar, mas quando terão tempo para nos enxergar, para nos escutar? Enquanto isso, aceitamos algumas migalhas que são entregues ao futebol feminino. Uma pena!
 

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Fonte: BdF Paraíba

Edição: Heloisa de Sousa