Com o avanço da vacinação no Brasil, o número de casos e óbitos começou a cair, dando esperanças de um 2022 melhor. Porém, com o surgimento da variante ômicron em mais de 20 países, inclusive no Brasil, e o novo aumento da contaminação em países da Europa, há ainda muitas dúvidas sobre o próximo ano. Para especialistas, o que será decisivo é a tomada de medidas já conhecidas, com agilidade e de forma constante.
Para o professor de infectologia da Universidade Positivo, Marcelo Ducroquet, existem diferenças entre o Brasil e a Europa que podem ser decisivas para um bom prognóstico.
“Estamos com adesão à vacinação no Brasil melhor que muitos países europeus, o que pode nos diferenciar. Outra vertente importante é que no Brasil tivemos uma onda de contaminação com a variante gama, enquanto a Europa está mais com a delta, o que pode ser mais agressivo. Pode ser que essas diferenças nos protejam”, explica.
Já para o professor Emanuel Maltempi de Souza, presidente da Comissão de Combate e Prevenção à Covid-19 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é preciso olhar o cenário europeu para nos adiantarmos e evitarmos cenário pior do que já tivemos.
“Se chegarmos ao outono com número crescente como na Europa e nossa imunidade não estiver robusta, podemos até superar o que está acontecendo em vários desses países. Isso acontecerá se houver demora para aplicar dose de reforço, tivermos grande número de não vacinados, crianças não vacinadas e flexibilização das medidas de prevenção”, diz.
Ômicron
Marcelo diz que a variante ômicron ainda é uma incógnita. “O que temos são algumas pistas, que ela parece ser bem mais transmissível, mas não se sabe quanto à agressividade. O momento ainda é de prevenção e atenção”, pontua.
O que se sabe é que a ômicron contêm número considerado alto de mutações, são 32 mutações da chamada proteína Spike, que o vírus usa para se prender a células humanas e infectá-las. Na variante delta, considerada altamente infecciosa, são oito mutações.
Controle da pandemia
Para o controle da pandemia, Marcelo afirma ser necessário continuar apostando em medidas simples. “Uso de máscara deve ser prorrogado, evitar grande aglomerações em ambientes fechados e é importante continuar com o esquema de vacinação. A maior parte dos especialistas vem defendendo as doses reforço”, afirma.
Maltempi diz que, além da vacinação completa, com reforço para toda a população e a manutenção das medidas de prevenção, é importante também apostar em conclusões de estudos científicos para o controle a longo prazo.
“Se continuarmos fazendo o que já está dando certo e ampliarmos para algumas vertentes apontadas pela ciência, como testagem e genotipagem, o cenário é otimista. É preciso ampliar e manter a testagem em contactantes e não sintomáticos como forma de verificar a circulação do vírus e implantar a vigilância genômica com sequenciamento de 10% de todos os casos positivos”, explica. Segundo o professor, se esses cuidados forem bem implementados, é possível avistar um cenário positivo para 2022.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos e Lia Bianchini