PANC chama a atenção pelo alto teor de fibras e vitamina C
É planta ou é peixe? Pode ser que essa dúvida já tenha aparecido por aí caso você já tenha experimentado o peixinho da horta, uma folhagem de cor acinzentada e textura peluda que empanada se parece muito com uma fritada de peixe, tanto na aparência quanto no sabor. Mas para além dessa característica inusitada, o peixinho também é uma ótima fonte de proteínas e de vitamina C.
Do grupo das PANCs, as Planta Alimentícia Não Convencional (PANC), o peixinho ultrapassa gerações e não fica restrito à cozinha, já que é muito conhecido por suas propriedade medicinais, principalmente ligadas ao tratamento de tosse e outros problemas pulmonares. É o que conta a nutricionista Silvia Jeha, que há 20 anos conhece e cultiva a espécie.
Também é chamado de pulmonária ou orelha de lebre
“Há 20 anos eu conheci o peixinho da horta, que também é chamado de pulmonária ou orelha de lebre, e é muito utilizado para finalidade medicinal, para as vias aéreas superiores".
Segundo a nutricionista, há oito anos, sua irmã estava indo para o litoral de São Paulo, parou para comprar um tacho de cobre na estrada e a pessoa que vendia estava fritando uma planta empanada, que disse ser uma delícia. "Ela ganhou uma muda da senhora e passamos a produzir”, lembra.
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Silvia é também fundadora do viveiro orgânico Sabor da Fazenda, localizado em São Paulo, que cultiva e comercializa PANCs e ervas aromáticas usadas como tempero, além de oferecer diversas atividades de educação ambiental para crianças e adultos.
“É uma planta que chama muito a atenção porque tem alto teor proteico, maior até que o da ora-pro-nóbis, muito divulgada. Ela também tem poder antioxidante e microbiano. Por todos esses fenólicos, ela é resistente a pragas e doenças. Também chama a atenção o alto teor de fibras e vitamina C, que chega a sete miligramas a cada 100 gramas”, diz.
:: Serralha, que já foi considerada uma planta invasora, é rica em vitaminas e proteínas ::
O peixinho é uma planta da família das lamiaceae, como o manjericão, o tomilho e o orégano. É originário da Turquia, mas se espalhou por diversas regiões a princípio como uma planta ornamental. Ela é uma espécie considerada rústica, que tolera grandes variações de temperatura e que pode ser cultivada em vasos. É possível começar a colher as folhas de 40 a 50 dias após o plantio, quando atinge mais ou menos oito centímetros de altura.
Ainda é difícil encontrá-lo no supermercado, mas já é possível comprar o peixinho em feiras orgânicas e em viveiros e hortas urbanas. Uma informação importante é que não foram identificadas contraindicações no consumo do peixinho da horta. Assim, essa delícia pode ser aproveitada por tudo, de diferentes formas.
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“Ele tem uma textura que lembra muito um filé de peixe e tem gente que acha que tem o sabor parecido com o de peixe. Para mim é um dos melhores snacs e uma das formas mais saborosas de consumir é empanado e frito. Fica muito crocante”, explica a gastrônoma e educadora ambiental, Bárbara Cordovani.
Quem é vegano, pode fazer uma mistura de água com linhaça para substituir o ovo. Quem for intolerante a glúten, pode empanar com fubá e, por fim, quem prefere não consumir frituras pode apostar na versão assada da receita. Segundo a Bárbara, dá até para fazer lasanha de peixinho, usando as folhas para substituir a massa.
É mudar o olhar e ver o que cresce ao nosso redor
“Eu já fiz lasanha, já fiz à parmegiana e gosto muito de fazer com tahine. Eu misturo o tahine com a massa de empanar e depois coloco zátar pra temperar. Acompanhar com coalhada, babaganuche e homus também combina muito. É uma planta maravilhosa para ser incluída no dia a dia e pode ser oferecia para pets. É muito versátil. Eu já fiz até refogada, perde o charme da textura, mas fica muito gostosa também”, orienta.
Além do gosto pelo peixinho, a Silva e a Bárbara concordam em mais um ponto: incluir esta e outras PANCs no cardápio pode ajudar a diversificar alimentação e a incluir mais vegetais na dieta, algo fundamental para garantir saúde e incentivar formas de mais sustentáveis de produção de alimentos, como reforça Bárbara: “é mudar o olhar e ver o que cresce ao nosso redor que pode entrar na nossa dieta”.
Edição: Douglas Matos