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As piores frases de 2021

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É mole? Não, mas tem muito mais. Sobretudo a partir das contribuições diárias do Grande Inspirador. Infelizmente, é uma amostra diminuta do que foi dito - Agência Brasil
O ano que se esvai em muita cloroquina e besteira

Uma breve relação das palavras tortas que mais nos envergonharam ao longo de um ano de negacionismo, miséria, burrice, peste e morte. O ano que se esvai em muita cloroquina e besteira teve água de coco na veia, “transformação” da Nova Zelândia em ilha, vacina produzindo aids e um alto funcionário dos Estados Unidos estrelando Debi & Lóide. É mole? Não, mas tem muito mais. Sobretudo a partir das contribuições diárias do Grande Inspirador. Infelizmente, é uma amostra diminuta do que foi dito, repetido e proclamado neste 2021 de tantos vexames.

“Melhor perder a vida do que perder a liberdade”

(Ministro da Saúde Marcelo Queiroga participando do jogral puxado pelo seu chefe e presidente do país das 617 mil mortes por covid-19, vice-campeão mundial em contagem de cadáveres).

 

“Teu estado é o cacete, porra!”

(Jair Bolsonaro reclamando com João Dória a ideia deste exigir passaporte vacinal em São Paulo).

 

“Quem aqui já foi a Dubai?”

(Governador de São Paulo João Dória fazendo uma pergunta nada a ver em Guarabira, na região do agreste da Paraíba).

 

“Eu vou trazer uma mensagem psicografada para vocês”

(Advogada Tatiana Borsa dirigindo-se aos jurados no julgamento do caso da boate Kiss para mostrar-lhes uma mensagem do além de uma das vítimas do incêndio dizendo aos pais que “estimaria vê-los distantes de quaisquer protestos que não me trarão de volta”).

 

“Conversei com o Jim Carrey também”

(Bolsonaro confundindo o encarregado especial dos EUA para questões climáticas John Kerry com o humorista Jim Carrey, astro da comédia Debi & Lóide).

 

“Visitei a Torre de Pizza”

(Outra lambança, agora trocando a torre de Pisa, na cidade italiana de mesmo nome, pela pizza napolitana).

 

“A universidade, na verdade, deveria ser para poucos”

(Ministro da Educação Milton Ribeiro achando que tem gente demais querendo estudar).

 

“O chinês inventou o vírus e a vacina dele é menos efetiva que a do americano”

(Ministro da Economia Paulo Guedes, falando em reunião sem saber que estava sendo gravado. Depois, pediu desculpas, falou em “mal entendido” e disse que até foi vacinado com a coronavac).

 

“Vire a página e faça outro filho”

(Sugestão que teria sido dada pelo vereador carioca Dr. Jairinho -- padrasto e acusado da morte do menino Henry Borel, de quatro anos -- ao pai do menino).

 

“Tem algo de podre no reino da Dinamarca. A Dinamarca é considerado (sic) um dos países mais íntegros do mundo, mas, ainda assim, há casos de corrupção pontuais”

(Ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro quebrando a cara ao tentar parecer culto e citar Shakespeare. É uma fala da peça Hamlet que não se reporta à propina, rachadinha ou qualquer modalidade de corrupção e sim indica que algo estranho está acontecendo).

 

“Se não fosse assim, na Guerra do Pacífico, os militares que chegavam feridos, precisando de transfusão de sangue, não teriam água de coco na veia”

(A frase, falsa, exemplifica um padrão das declarações presidenciais: a repetição da mentira por mais estapafúrdia que seja. Segundo a agência de checagem Aos Fatos, a patranha acima foi reprisada 35 vezes, 21 delas em 2021).

 

“A Amazônia não pega fogo. Você pode jogar um galão de gasolina lá na mata. A floresta é úmida”

(Mais uma mentira reiterada de Bolsonaro. Foi reprisada 34 vezes, a maior parte delas em 2021).

 

"Eu não trago nenhum prejuízo ao Parlamento, porque eu não sou uma assassina”

(Deputada Flordelis (PSD/RJ), acusada de mandar matar seu marido, ouvida no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara).

 

“Vá pra puta que o pariu. Imprensa de merda. É pra enfiar no rabo de vocês da imprensa essas latas de leite de condensado todas”

(Bolsonaro ao ser indagado sobre a quantidade fenomenal de leite condensado comprada pelo seu governo).

 

“Tudo bandido”

(Vice presidente Hamilton Mourão sobre a chacina na favela do Jacarezinho, no Rio, em que 28 pessoas foram mortas. A operação da PM deixou sinais de adulteração da cena do crime e de execução).

 

“Aqueles que depois da segunda dose (da vacina), né, 15 dias depois, totalmente vacinados, estão desenvolvendo a síndrome de imunodeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto”

(Na sua live semanal, Bolsonaro ligou as vacinas contra a covid-19 ao desenvolvimento da Aids. É uma informação mentirosa e, por isso, seu vídeo foi removido pelo YouTube, Facebook e Instagram).

 

"O deputado Hélio Lopes, meu irmão, está baixado no hospital, com embolia. Parece ser efeito colateral da vacina”

(Bolsonaro, agora atribuindo outros efeitos sem comprovação aos imunizantes).

 

“A Nova Zelândia praticamente se transformou numa ilha”

(Governador de Minas Gerais Romeu Zema discorrendo sobre o lockdown na Nova Zelândia e chegando com considerável atraso a uma conclusão que remonta a alguns milhões de anos, época em que a Nova Zelândia “se transformou” em ilha).

 

“Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha”

(Bolsonaro no comício do 7 de Setembro, partindo para o ataque contra o ministro do STF. Porém, em seguida, afinou e pediu socorro a Michel Temer para apaziguar Moraes).

 

*Ayrton Centeno é jornalista, trabalhou, entre outros, em veículos como Estadão, Veja, Jornal da Tarde e Agência Estado. Documentarista da questão da terra, autor de livros, entre os quais "Os Vencedores" (Geração Editorial, 2014) e “O Pais da Suruba” (Libretos, 2017). Leia outras colunas.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Anelize Moreira