Uma manifestação convocada para quarta-feira (22) cobra a demissão de um professor que foi à uma escola pública em Santo André (SP) fantasiado com roupas que fazem referência à Ku Klux Klan, organização racista, antissemita, anticatólica e anticomunista fundada no século 19 no Sul dos Estados Unidos.
O ato reunirá estudantes e professores da Escola Estadual Amaral Vagner, no ABC, às 15 horas, além de coletivos e movimentos negros que atuam na região. "Não podemos permitir que a apologia à violência e ao racismo seja naturalizada e banalizada", dizem os organizadores.
Assista ao vídeo:
Esse vídeo mostra um professor de uma escola em Santo André (SP), circulando no interior da escola, com uma roupa da Ku Klux Klan, movimento racista, antissemita e anticomunista, nascido no sul dos Estados Unidos, no século 19. #ColetivoDemocarciaCorinthiana pic.twitter.com/cOeR2zihSO
— CDC Coletivo Democracia Corinthiana🚩 (@CDCCorinthians) December 21, 2021
Uma das pautas do protesto é a demissão do professor, que não foi identificado pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Em nota, a pasta afirmou "que iniciou os trâmites para afastamento imediato do professor envolvido, que é efetivo, até o término da apuração".
A Diretoria de Ensino de Santo André formou uma comissão interracial para averiguar os fatos. O caso ganhou repercussão nas redes sociais nos últimos dias. Um vídeo mostra o professor caminhando pela escola, chamando a atenção dos alunos, que aparentemente estão em período de intervalo entre aulas.
::: Em Porto Alegre, manifestante se veste como Ku Klux Klan e é denunciado na polícia :::
O governo estadual afirmou ainda que "não admite qualquer forma de discriminação e injúria racial" e que "trabalha veemente na formação de toda a rede com a Trilha Antirracista, bem como atua na promoção de um ambiente solidário, colaborativo, acolhedor e seguro nas escolas".
Em reação, o deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL-SP) acionou a Secretaria de Educação para cobrar providências contra o que definiu como uma "cena racista e deplorável de um professor fantasiado com a roupa da Ku Klux Klan, dentro da EE Amaral Vagner".
A deputada estadual Professora Bebel (PT-SP), presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), e outros congressistas também se manifestaram nas redes sociais para cobrar providências contra o episódio.
::: Artigo | Ku Klux Klan, Brilhante Ustra e Adolf Hitler: referências do bolsonarismo :::
Coletivos e movimentos ligados à pauta racial também se posicionaram sobre o caso. O Quilombo Dandara, coletivo que atua na região do Grande ABC, é um dos grupos que estão mobilizando apoio à manifestação desta quarta-feira.
Em abril deste ano, em Porto Alegre (RS), um manifestante também se vestiu como os integrantes da Ku Klux Klan em um ato de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na campanha eleitoral de 2018, o historiador norte-americano David Duke, tido como porta-voz oficioso da Ku Klux Klan, manifestou sua simpatia pela candidatura de Bolsonaro, dizendo que “ele soa como nós”.
A fala aconteceu no programa de rádio que Duke comanda e foi reproduzida pelo site da BBC. O então candidato do PSL, porém, rejeitou o apoio, argumentando curiosamente que Duke deveria apoiar “a esquerda” que “segrega”.
Edição: Leandro Melito