"Toda a nossa humanidade depende do reconhecimento da humanidade dos outros", escreveu o ativista sulafricano Desmond Tutu no livro Deus Tem Um Sonho, de 2004.
A publicação é uma das mais marcantes da trajetória do líder religioso, figura central na luta contra o regime racista do apartheid na África do Sul (1948 e 94) que morreu neste domingo (26), após anos de tratamento contra um câncer.
Defensor histórico dos direitos humanos, da igualdade e da não violência, Desmond Tutu ganhou o Nobel da Paz em 1984. Ao lado de Nelson Mandela, ele militou contra o conjunto de leis que segreva pessoas pretas na África do Sul.
Tutu seguiu atuante após a queda do regime. A partir da década de 1990 passou a atuar como presidente da Comissão da Verdade e Reconciliação, criada pera apurar os crimes do apartheid.
No início da vida adulta, ele seguiu os passos do pai e trabalhou como professor. Após um período atuando com um grupo cristão do Reino Unido, voltou pára a África do Sul e e tornou-se líder Conselho Sul-Africano de Igrejas.
Foi a primeira pessoa preta a chegar ao posto de arcebispo da Igreja Anglicana da Cidade do Cabo. Ao longo de toda a trajetória, o ativista atuou para que o conceito de igualdade fizesse sentido para toda a humanidade.
Em Deus tem um Plano, essa característica do trabalho de Desmond Tutu recebe uma espécie de síntese, que explicitou os objetivos de vida do religioso: chegar a pessoas de diferentes origens, credos e culturas com um convite para transformar o sofrimento da humanidade em redenção.
A mensagem de libertação permeia a história do homem que chegou ao mais alto cargo da igreja anglicana, mas preferiu voltar ao ofício de professor nos últimos anos de vida. Mesmo ouvido pelo mundo todo, nunca abriu mão da humildade e da simplicidade.
Desmond Tutu morreu na cidade do Cabo, onde morava e passava por tratamento contra o câncer. O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, confirmou o falecimento e afirmou que o ativista deu significado à visão bíblica de que a fé sem ação está morta.
O Papa Francisco lamentou a morte do religioso: "consciente do seu serviço ao Evangelho por meio da promoção da igualdade racial e da reconciliação na África do Sul, o Papa confia a sua alma à amável misericórdia do Deus Onipotente", afirmou mensagem publicada pelo vaticano.
Edição: Rodrigo Durão Coelho