Há seis anos, um crime permanece sem solução no estado de Pernambuco. É o caso da menina Beatriz Angélica Mota, assassinada a facadas em 2015 enquanto participava de uma formatura, no colégio onde estudava, em Petrolina. Ela tinha, na época, sete anos.
A polícia chegou a apontar suspeitos nos primeiros anos após o crime, mas as investigações não avançaram o que levou a família a buscar explicações por conta própria. Desde então, os familiares estão numa jornada em busca de justiça.
Nos últimos 23 dias, a mãe de Beatriz, Lucinha Mota, e o pai, Sandro Romildo, caminharam cerca de 700 km entre Petrolina, no sertão, até o Recife, para cobrar do Governado do Estado mais celeridade nas investigações. Eles denunciam que as provas que poderiam solucionar o caso foram alteradas e, por isso, pedem a federalização das investigações. Nesta condição, o inquérito passa a ser conduzido pela instância federal. Além disso, a família deseja que o poder estadual autorize a participação de um grupo dos EUA nas investigações.
"O meu amor merece todos os esforços que eu e Sandro, e toda sociedade franciscana estamos fazendo para garantir a ela um inquérito justo”, disse Lucinha Mota, mãe de Beatriz.
O Governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), recebeu os familiares de Beatriz em audiência no Palácio do Campo das Princesas, na área central do Recife, na terça-feira(28). Em nota, ele disse que se solidarizou com a dor da família e que a polícia pernambucana vem empenhando todos os esforços para solucionar o caso. Também se colocou favorável à federalização das investigações, se ela cumprir os requisitos exigidos pela legislação. O secretário de Defesa Social, Humberto Freire, também pontuou que há obstáculos jurídicos para autorizar uma equipe internacional de investigadores.
"A participação de uma empresa americana não tem respaldo na nossa legislação", disse ele, completanto que estão sendo feito esforços "até que a gente tenha elementos suficientes para indiciar algum responsável e apresentar ao sistema de justiça”.
Ainda na terça-feira(28), o governador assinou a exoneração do perito criminal que esteve envolvido no início das investigações. A família de Beatriz o acusa de prestar serviços, em paralelo, à escola onde ocorreu o crime, através de uma empresa da qual ele era sócio. Até o momento, o inquérito já passou por oito delegados, tem 24 volumes, 442 depoimentos, sete tipos de perícias e 15 mil chamadas telefônicas. Em nota, a escola Nossa Senhora Auxiliadora, onde ocorreu o crime, explicou que as imagens do seu sistema interno de monitoramento já estão sob controle da investigação e que o material não foi manipulado.
"Para surpresa nossa, o chefe de polícia disse que o caso Beatriz consta com 24 volumes, e nós só recebemos 21 volumes. Não recebemos vídeos, não recebemos imagens, os resultados de algumas perícias. Então, queremos saber. Queremos inspecionar a partir de agora", disse Sandro, pai de Beatriz.
Ao longo da caminhada, a família recebeu apoio de parlamentares, sindicalistas e populares. Um desses apoios veio de Mirtes Renata, mãe do menino Miguel que morreu após cair do quinto andar de um prédio de luxo, no Recife, após supostamente ter sido abandonado pela patroa da mãe dele, Sarí Corte Real. O caso ainda está sendo investigado.
"Há vários indícios de irregularidades nesse inquérito policial. Ele tá eivado de irregularidades. Isso mostra e faz com que você perca a crença de que a Polícia Civil do Estado de Pernambuco vá solucionar esse caso", pontuou a vereadora do Recife, Dani Portela(PSOL) sobre o caso da menina Beatriz. Portela, assim como outros parlamentares, se solidarizou com Lucinha Mota e familiares.
Edição: Rodrigo Durão Coelho