O governo do presidente Jair Bolsonaro barrou nesta quarta-feira (29/12) o envio de ajuda humanitária da Argentina para o Estado da Bahia, que já registra 24 mortos e mais de 400 feridos nas chuvas e inundações dos últimos dias.
O país vizinho havia prometido mandar imediatamente uma missão com 10 profissionais "especializados nas áreas de água e saneamento, logística e apoio psicossocial para vítimas de desastres".
No entanto, a delegação precisava de autorização do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que negou o pedido. Em documento publicado pelo portal G1, o Itamaraty afirmou que a crise na Bahia "está sendo enfrentada com a mobilização interna de todos os recursos financeiros e de pessoal necessários para as ações de assistência à população afetada".
"Na hipótese de agravamento da situação, requerendo-se necessidades suplementares de assistência, o governo brasileiro poderá vir a aceitar a oferta argentina", acrescentou o Ministério das Relações Exteriores.
Para o governador baiano Rui Costa (PT), que já havia aceitado e agradecido a oferta argentina e pedia celeridade ao Ministério das Relações Exteriores na aprovação da ajuda, Bolsonaro demonstra "desprezo pela vida humana".
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"Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, afirmou Costa em entrevista à Folha de S. Paulo.
As chuvas na Bahia deixaram quase 100 mil desabrigados ou desalojados e provocaram centenas de milhões de reais em danos. O governo federal prometeu R$ 80 milhões para restaurar rodovias sob sua gestão, mas segundo o governo estadual serão necessários pelo menos R$ 400 milhões.
Bolsonaro segue de férias em Santa Catarina, onde tem promovido aglomerações com apoiadores em clima de festa e feito passeios de moto aquática.
*Com Ansa