O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta segunda-feira (3) um plano para diminuir a concentração no setor de proteína animal. De acordo com a Casa Branca, quatro companhias do segmento dominam 85% do mercado de carne bovina e o setor é um "exemplo didático" dos efeitos nocivos da concentração de mercado.
A empresa brasileira JBS, que afirma ser a maior produtora de carne de gado e a segunda maior produtora de carnes de aves e suínos dos Estados Unidos, deve enfrentar os efeitos da decisão de Biden.
Além da JBS, a brasileira Marfrig também foi citada em pesquisa publicada pelo site da Casa Branca sobre como empresas estão usando seu "poder de mercado para aumentar os preços e pagar menos aos agricultores, enquanto pegam cada vez mais para si mesmas".
Os Estados Unidos estão atravessando um período de inflação que contribui para a queda no índice de popularidade de Biden, atualmente aprovado por 43% da população de acordo com o Instituto Gallup.
O índice de preços ao consumidor estadunidense registrou um aumento de 6,8% no período de 12 meses encerrado em novembro de 2021. É o maior aumento da inflação no período de um ano desde 1982, informa o Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA.
Os aumentos no setor de proteína animal, todavia, foram maiores ainda. No intervalo de 12 meses, o índice para carnes, aves, peixes e ovos aumentou 12,8%, com o índice para carne bovina crescendo 20,9%.
"Quando os intermediários dominantes controlam grande parte da cadeia de abastecimento, eles podem aumentar seus próprios lucros às custas dos agricultores - que ganham menos - e dos consumidores - que pagam mais", afirma a Casa Branca em comunicado sobre a ordem executiva de Biden. "Cinquenta anos atrás, os fazendeiros recebiam mais de 60 centavos de cada dólar que um consumidor gastava com carne bovina, em comparação com cerca de 39 centavos hoje. Da mesma forma, os criadores de suínos recebiam de 40 a 60 centavos de dólar por dólar gasto há 50 anos, caindo para cerca de 19 centavos hoje."
O plano de Biden é alocar US$ 1 bilhão, cerca de R$ 5,6 bilhões, para "expansão da capacidade de processamento independente". Estão previstos linhas de financiamento para empresas de processamento de proteína animal "mais diversificadas" e de "comunidades desamparadas"; o investimento no treinamento de profissionais do setor em parceria com sindicatos e empresas; reduzir os custos de inspeção para pequenas e microempresas.
O plano de Biden inclui uma revisão das regras para a concessão do selo "Produto dos EUA", que pode ser aplicado a carnes que são apenas processadas em solo estadunidense. "Acreditamos que isso pode tornar difícil para os consumidores americanos saber o que estão comprando", diz a Casa Branca.
As autoridades dos EUA também anunciaram que dentro de 30 dias o Departamento de Justiça lançará um portal para registrar denúncias de potenciais violações das leis de competição do país.
Edição: Arturo Hartmann