Outra variante era assim: “Fiado só para maiores de 90 anos acompanhado de seus pais”
Andei me lembrando de umas placas comuns em bares e vendas do interior de Minas dos velhos tempos.
A mais frequente delas era “Fiado só amanhã”.
Mas tinha umas variantes dela, como “Fiado só no vizinho”.
Outra variante era assim: “Fiado só para maiores de 90 anos acompanhado de seus pais”.
Uma divertida era: “Se você bebe para esquecer, pague antes de beber”.
E tinha uma que era um recado para quem se comportava mal nos botecos:
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“Freguês educado
Não cospe no chão,
Não pede fiado
E não diz palavrão”.
Em dois botecos que vendiam linguiça crua, vi dois recados interessantes.
Um, em Belo Horizonte, tinha uma placa dizendo: “Vende linguiça-se”.
Outro, no centro de São Paulo, tinha um cartaz dizendo: “Vende-se linguiça de porco para quem gosta de linguiça de porco”. Eu ri bastante: será que se aparecesse ali alguém que não gostasse de linguiça de porco o dono não venderia?
E me lembrei de uma placa que era comum principalmente em padarias paulistas, mas que só reparei quando fui trabalhar em Osasco, cidade da Grande São Paulo.
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Meu horário de trabalho começava às 8 horas e uma padaria na esquina era meu ponto de tomar café da manhã. Eu chegava lá uns vinte minutos antes das 8 e pedia sempre uma xícara média de café com leite e um pãozinho com manteiga.
Um dia cheguei um pouco atrasado. Faltavam uns dois minutos para as 8 horas e eu chegaria no serviço com uns minutos de atraso. Mas fui tomar café assim mesmo, não queria trabalhar com fome.
Pedi uma xícara média de café com leite e um pão com manteiga e vi um rapaz me olhar com desprezo. Parecia odiar quem pedia café, especialmente com leite.
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De repente, ele estalou os dedos, o garçom olhou e ele indicou o relógio marcando 8 horas em ponto. O garçom nem perguntou nada. Preparou uma caipirinha em copo duplo e levou para ele. Só aí vi uma placa na padaria:
“Não vendemos bebidas alcoólicas antes das 8 horas da manhã”. O sujeito fazia ponto lá todos os dias e exigia sua caipirinha às 8 em ponto.
E todos os dias que eu chegava meio em cima da hora à padaria e pedia uma média de café com leite e um pão com manteiga, lá estava o homem esperando o horário para beber... e me olhando com desprezo cada vez que eu pedia café com leite.
*Mouzar Benedito é escritor, geógrafo e contador de causos. Leia outros textos.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Douglas Matos