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A ciência cubana a serviço do povo cubano e da humanidade

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Atualmente, em meio de uma grande batalha contra a COVID-19, Cuba desenvolveu 5 projetos de vacinas - AFP
Para os insensíveis, compartir nossa ciência com a humanidade faz muito mal

Por Cándido Inocente*

Os inimigos de Cuba odeiam as conquistas da ilha e quanta matéria seja possível para eles. Porém, um dos temas que atacam com maior insistência é a ciência cubana; mas não a mera ciência, banal e distante, senão aquela que realmente nos emancipou como nação e nos fez ser referência no mundo inteiro.

Simplesmente, rejeitam que Cuba haja construído e posto em funcionamento mais de 200 centros de investigações, que formaram milhares de cientistas e tenham a patente de mais de 3.000 novos produtos, onde a ciência e a inovação são a base para o bem estar humano.

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Odeiam mais que tudo, a história, a doutrina revolucionária que iluminou o caminho das ciências com nossos grandes pensadores políticos e talentos científicos. Aqueles que não acreditam, prestem atenção aos pequenos detalhes que ponho à sua disposição:

Uma referência importante no tocante à inserção em Cuba de avanços da humanidade na área de saúde, data de 1804 quando, graças ao trabalho de Tomás Romay, distinto médico cubano, se introduz a vacina contra a varíola.

Especial importância e ampla audiência tiveram a princípios do século XIX, os cursos de filosofia ministrados pelo presbítero Félix Varela no Seminário de San Carlos e San Ambrosio. Uma parte importante destes cursos esteve dedicada ao ensino teórico e experimental da física e da química moderna e à propagação de concepção ante escolásticas.

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Mais tarde, o Dr. Carlos J. Finlay desenvolveu uma concepção holística do processo saúde-enfermidade. Tal como escreveu em uma ocasião, o objetivo da ciência médica é “dar saúde ao enfermo e conservá-la ao homem sano”.

Fez publicações sobre a alcalinidade do meio em La Habana, sobre os perigos das trincheiras descobertas e foi um precursor do movimento ambientalista para preservar os ecossistemas através de medidas de higiene social.

Sua concepção clínica e imunológica estava acompanhada de um sólido pensamento epidemiológico, tal como demostrou durante o surto de cólera que assolou a La Habana (1865-1873). Essas contribuições de Finlay vieram "coroadas" pelo descobrimento de agente transmissor da febre amarela.

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Por isso foi indicado ao Premio Nobel de Fisiologia e Medicina desde 1905 até seu falecimento e recebeu numerosas condecorações e reconhecimentos de diferentes países. Em sua homenagem a Unesco instituiu um premio com seu nome.

Já desde o século XIX José Martí, apóstolo da independência de Cuba, homem universal e muito distinto pensador, considerava necessário incentivar a ciência como a única via para chegar ao conhecimento da verdade, para conhecer as forças do mundo e colocá-las a trabalhar para beneficio do ser humano.

Para Martí, a ciência era definida como um “conjunto de conhecimentos humanos aplicáveis a uma ordem de objetos, íntima e particularmente relacionados entre si, [...]” (¡) A leitura integral e atenta de sua obra nos conduz a conhecer a dinâmica relação que Martí estabelece no ensino científico com os valores morais e estéticos para poder cultivar sentimentos, “[...] dar-lhes o conhecimento da ciência simples e prática, a independência pessoal que fortalece a bondade e promove o decoro[...] levar[...] não só explicações agrícolas e instrumentos mecânicos, senão a ternura, que faz tanta falta e tanto bem aos homens.”

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Mesmo quando não podemos qualificar a Martí como precursor dos Fóruns de Ciência e Técnica, que se desenvolvem sistematicamente em Cuba, em seu pensamento científico está presente a necessidade de que os povos sejam criativos, imaginativos, o que se confirma quando expressa:

“Os povos que perduram na historia são os povos imaginativos [...]”. Para ele a imaginação vem a ser a mulher da inteligência, quer dizer, as considera em estreita inter-relação, sem cujo consórcio não há nada fecundo. Em correspondência com a ideia anterior considerava que criar é brigar e por tanto criar é vencer, daí que disse “[...] Quem quer povo, há de habituar aos homens a criar."

Por sua vez, como mostra de continuidade, uma das primeiras pautas traçadas pelo Comandante em Chefe Fidel Castro, o respeito à definição da política científica da Revolução Cubana, - com um alcance até o presente e para o futuro-, foi sua intervenção em 15 de janeiro de 1960, na Sociedade Espeleológica de Cuba, ocasião na qual se lhe concedeu o título de Sócio de Honra dessa entidade científica, uma das poucas que existiam no país.

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Isto aconteceu, em momentos em que a radicalização da Revolução já era palpável, o que provocava as ações agressivas do inimigo, incluindo a incitação ao êxodo massivo de profissionais, além do início da cruel guerra econômica imposta por Estados Unidos.

Neste contexto, Fidel projetou sua concepção estratégica e integral sobre o rol da ciência, o pensamento e a inteligência para o desenvolvimento do país. Sentenciou então o Comandante em Chefe:

“O futuro de nossa pátria tem que ser necessariamente um futuro de homens de ciência, tem que ser um futuro de homens de pensamento, porque precisamente é o que mais estamos plantando; o que mais estamos plantando são oportunidades para a inteligência; já que uma parte considerabilíssima do nosso povo não tenha acesso à cultura, nem à ciência".

O que se conseguiu? Sintetizado nas mais breves linhas possíveis: uma experiência concreta com mais de 30 anos de resultados científicos, desenvolvimento de tecnologias e a geração de novos produtos; uma visibilidade internacional crescente e reconhecimento da biotecnologia cubana, com êxitos celebrados por importantes setores acadêmicos e científicos, assim como pelas revistas especializadas mais destacadas do mundo; equipamento avançados para o diagnóstico e tratamento de enfermidades e vasta cobertura de medicamentos genéricos e biotecnológicos de produção nacional, com consideráveis benefícios sobre a saúde do povo cubano, e um impacto econômico de importância, derivado da presença de produtos da Ilha em mais de 50 países e numerosas transferências de tecnologias, no marco de inversões conjuntas no exterior.

São pilares do nosso sistema:

- A formação do potencial humano;

- A assimilação acelerada dos conhecimentos mundiais;

- A integração como princípio de trabalho;

- O respaldo científico aos objetivos econômicos e ambientais do país;

- A criação de fontes de novos recursos para a economia nacional.

O anterior é só uma abordagem breve do desenvolvimento alcançado. Ainda há muito por fazer, e Cuba continua fazendo. Atualmente, em meio de uma grande batalha contra a covid-19, o país desenvolveu 5 projetos de vacinas, com tecnologia de ponta.

Três destas, já são vacinas efetivas e seguras, que permitiram o controle da enfermidade no país, e estão à disposição de todos os cubanos e de outros povos em diferentes latitudes: Venezuela, Irã, Vietnã, Itália, receberam a calorosa solidariedade da ciência cubana, em forma de pequenos bulbos, para combater a pandemia.

Não nos perdoam, não nos podem perdoar os 141 centros de investigações, as 61 unidades de desenvolvimento e inovação, os 26 centros de serviços científicos e tecnológicos e o parque científico tecnológico que já está em funcionamento; por isso nos atacam.

Para os insensíveis, compartir nossa ciência com a humanidade faz muito mal. Claro, prejudica os interesses daqueles que odeiam e destroem.

*Cándido Inocente é jornalista cubano.

**Conexão Cuba é uma coluna sobre a ilha Caribenha com assuntos relacionados a política, economia, tecnologia, saúde e cultura. 

***Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Edição: Leandro Melito