Pela primeira vez desde o início da revolução bolivariana, em 1999, a oposição governará o estado natal do ex-presidente Hugo Chávez. O candidato da aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), Sergio Garrido, foi eleito, no último domingo (9) com 172.497 votos, representando 55,36% da preferência, superando o ex-ministro Jorge Arreaza, candidato pela aliança chavista Grande Polo Patriótico (GPP), quem obteve 128 mil votos, representando 41,28% da votação. Em terceiro lugar ficou o opositor Claudio Fermin, da Aliança Democrática com 1,77%.
Mesa de la Unidad Democrática - Sergio Garrido - 172.497 (55,36%)
— cneesvenezuela (@cneesvzla) January 10, 2022
Gran Polo Patriótico - Jorge Arreaza - 128.583 (41,27%)
Alianza Democrática - Claudio Fermín - 5.528 (1,77%)
Otros - 4.987 (1.60%)
A participação foi cerca de 51% nos 543 centros de votação, seis pontos percentuais a mais em comparação com as eleições regionais do dia 21 de novembro.
:: O que está acontecendo na Venezuela? Veja cobertura completa ::
O novo governador celebrará a vitória com uma missa de ação de graças nesta segunda-feira (10). Garrido já havia sido eleito deputado estadual em Barinas nas eleições regionais do dia 21 de novembro, mas com a decisão judicial de realizar novas eleições para o governo do estado, ele não assumiu o cargo para tornar-se candidato.
Membro do Ação Democrática (AD), um dos quatro maiores partidos opositores, Sergio Garrido assegurou que "quer somar a maior quantidade de vontades para construir e ajudar a superar os obstáculos e problemas de Barinas".
AD é um dos partidos mais tradicionais da política venezuelana, governando o país em várias ocasiões durante o período da chamada Quarta República (1958 - 1998). Sergio Garrido, de 54 anos, ingressou nas fileiras do partido aos 16 anos e já foi vereador e deputado estadual.
Na celebração da vitória, Garrido foi acompanhado pelo ex-candidato da MUD, Freddy Superlano, que estava inabilitado para disputar as eleições.
Saiba mais: Quem é a oposição ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela?
Barinas, região do planalto venezuelano, havia sido o único estado a não finalizar a apuração dos votos no processo realizado no 21 de novembro. Por conta de uma medida cautelar, a apuração foi suspensa pelo Tribunal Supremo da Venezuela (TSJ), que determinou, no dia 29 de novembro, a realização de novas eleições.
Além de Freddy Superlano, sua esposa Aurora Superlano também foi impedida de disputar as eleições. Sergio Garrido foi a terceira opção da Mesa de Unidade Democrática. No processo impugnado, Superlano havia obtido 37,79% dos votos, enquanto Argenis Chávez, ex-governador e candidato do governista Psuv, teria obtido 37,05%.
Hoy, Dios nos da una gran oportunidad, y ésta en nuestras manos como barineses ejercer la única arma que tenemos, "El Voto". Vamos juntos, con mucha gallardía a la recuperación de Barinas. pic.twitter.com/1HDp5UO2uE
— Sergio Garrido (@SergioGarridoQ) January 6, 2022
Desde o início da revolução bolivariana, há 23 anos, o chavismo governa essa região. Primeiro com o Hugo de los Reyes Chávez (1998-2008), pai do ex-presidente, seguido de Adán Chávez (2008-2017) e Argenis Chávez (2017-2021), os dois últimos irmãos do ex-chefe de Estado.
Antes da divulgação do primeiro boletim eleitoral, Jorge Arreaza (GPP / PSUV) já havia reconhecido sua derrota. "A informação que recebemos de nossas estruturas do PSUV indicam que, ainda que aumentamos a votação, não conquistamos nosso objetivo. Agradeço de coração a nossa heroica militância. Seguiremos protegendo o povo de Barinas em todos os espaços", publicou o ex-chanceler.
Barinas querida. La información que recibimos de nuestras estructuras del PSUV, indican que, aunque aumentamos en votación, no hemos logrado el objetivo. Agradezco de corazón a nuestra heroica militancia. Seguiremos protegiendo al pueblo barinés desde todos los espacios.
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) January 10, 2022
Com o novo resultado, a oposição conquistou quatro do total de 23 governos estaduais. A vitória veio junto com o início da campanha por um referendo revogatório em 2022.
Segundo a constituição venezuelana, o mandato presidencial pode ser encurtado com um referendo a partir da metade da gestão. Para que o processo seja realizado são necessárias assinaturas de 3% do eleitorado de cada estado.
Edição: Thales Schmidt