Utilizar só o parâmetro clínico, da presença de sintomas, não é seguro
Nesta semana, o governo anunciou uma redução do período de isolamento para pessoas infectadas com covid de 10 para sete dias, se não houver mais sintomas. A justificativa é que a variante ômicron tem menor tempo de transmissão. A decisão, no entanto, causou dúvidas em diversas pessoas. Faz sentido adotar essa medida em meio a uma explosão de casos?
Para o infectologista Bernardino Albuquerque, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a resposta é não. Em entrevista à edição de hoje (13) do Programa Bem Viver, o especialista reforça que a falta de testes é um dos grandes gargalos para controlar o tempo de quarentena da população.
“Essa mudança preocupa porque não temos uma infraestrutura eficiente de testagem para dizer com segurança se o indivíduo tem ou não condições seguras de retomar as atividades. Para estabelecer um comparativo, outros países têm oferta gratuita do exame laboratorial de covid-19”, disse. “A maior segurança que temos é afirmar que um indivíduo com covid, em um determinado período, está negativo. Utilizar só o parâmetro clínico, da presença de sintomas, não é seguro.”
Nas últimas três semanas, a média móvel de infecções por covid-19 aumentou quase 17 vezes e a taxa de transmissão chegou ao maior patamar desde março do ano passado, quando o Brasil vivia o pior momento da pandemia. Em 22 de dezembro, o total de novos contágios no país foi de 3,4 mil. Ontem (12) o número saltou para 87 mil.
Medidas restritivas
Devido ao avanço do coronavírus, em especial da variante ômicron, diversos estados e municípios pelo país voltaram a colocar medidas restritivas quanto a circulação de pessoas. Até agora, pelo menos sete unidades da federação já estão com novas restrições sobre a pandemia.
Em São Paulo, governo anunciou ontem (12) recomendações para que as prefeituras realizem eventos esportivos, musicais e festas com 70% do público e mediante comprovante de vacinação. O governo também anunciou a prorrogação da obrigatoriedade do uso de máscaras até pelo menos 31 de março. Já a respeito do funcionamento do comércio, foi descartado qualquer medida restritiva.
No Amapá, o governo estadual limitou a capacidade de qualquer evento ou estabelecimento comercial em 50%. Só é possível acessar esses locais com apresentação do comprovante de vacinação.
Ceará
Um consórcio de duas empresas mineradoras se articula para instalar um complexo minerário nuclear no município de Santa Quitéria, no sertão cearense. A obra acende alerta de risco nas comunidades vizinhas devido a manipulação de material radioativo. Lideranças questionam qual será o destino dos resíduos e quais os riscos de vazamento?
Se consolidado, o empreendimento será a maior mina de urânio e fosfato do Brasil. O licenciamento ambiental foi recusado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), mas o grupo já enviou uma nova proposta.
A maioria das comunidades do entorno não tem acesso à água encanada e se abastece por meio de caminhões-pipa e cisternas. A mina, no entanto, precisaria de quase mil metros cúbicos de água por hora. O projeto prevê uma estrutura para puxar água de um reservatório a 65 quilômetros dali, que é usado pelas comunidades e pode comprometer o abastecimento das famílias.
Desequilíbrio climático
Diversos municípios brasileiros enfrentam situações de calamidade devido à fortes chuvas ou a secas fora de hora.
Um dos estados mais afetados é Minas Gerais, onde pelo menos 288 municípios estão em situação de alerta pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Outros 300 municípios estão em estado de emergência. No estado, já são 139 pontos de interdição em rodovias estaduais e federais. De outubro para cá, 24 pessoas morreram por causa das tempestades.
Em reunião ontem (12), o governo mineiro pediu à União o envio de R$ 930 milhões para apoiar as cidades do estado no combate às chuvas. Uma dos objetivos é pagar um benefício temporário de R$ 600 a desabrigados e desalojados para viabilizar a compra de eletrodomésticos e móveis. O auxílio chegaria a 25 mil famílias por 90 dias.
Já no Rio Grande do Sul a situação é oposta: seca intensa e forte calor atingem a região. Os termômetros dispararam ontem e devem seguir assim até o final da semana.
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Edição: Sarah Fernandes