O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse nesta sexta-feira (14/01) que a "paciência" de Moscou acabou após declarar que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) querem criar "motivos de provocação em torno de nossas fronteiras".
Segundo o chanceler, a "posição" norte-americana e de aliados "consiste em querer assegurar o seu domínio na Europa", tentando criar "campos de apoio militar em torno da Rússia".
"Nossa paciência chegou ao fim. Somos muito pacientes, como sabem, somos lentos a arrear [os cavalos], mas rápidos na corrida. Agora, já está na hora de irmos embora. Só estamos esperando que o cocheiro naquela carruagem responda concretamente às nossas propostas", afirmou Lavrov.
De acordo com o ministro, Moscou espera "respostas escritas" de Washington e da Otan. "Aguardamos respostas dos nossos colegas, como fizemos ao apresentar as nossas propostas”, disse. Em dezembro, o país apresentou uma série de propostas para garantias de segurança na região, as quais foram discutidas e rejeitadas pelos EUA e pela aliança militar nesta semana.
O Departamento de Estado norte-americano tinha anteriormente exortado a Rússia que retornassem aos quartéis cerca de 100 mil soldados que estão concentrados na fronteira com a Ucrânia. A Rússia, por sua vez, é “categoricamente” contra essa exigência. Para o chanceler, “o ocidente ultrapassou os limites”.
Lavrov disse ainda que a Rússia procura "reduzir as tensões militares na Europa", enquanto os países ocidentais fazem o “oposto”, aumentando a presença militar perto da Ucrânia e no Mar Negro.
"Há centenas de soldados dos EUA e do Reino Unido presentes no território ucraniano; as entregas de armas pelo Ocidente a Kiev, capital ucraniana, cria uma tentação adicional para a Ucrânia de passar a empregar métodos violentos na resolução do conflito em Donbass", observa.
Em 2014, depois de um golpe que levou à deposição de Viktor Yanukovich, então presidente da Ucrânia, por grupos ultranacionalistas, grupos separatistas da região de Donbass se levantaram contra o governo e declararam sua autonomia perante ao território.
Leia mais: Rússia aproveita crise do Cazaquistão para consolidar aliança militar na Eurásia
Para o chanceler, mesmo que a Ucrânia não se junte à Otan, o aparecimento de armamentos ofensivos, bases militares dos EUA e de outros países na costa ucraniana do mar de Azov é mais uma “linha vermelha”.
Ataque hacker na Ucrânia
Diversos sites governamentais da Ucrânia foram alvos de um ataque hacker de larga escala entre a noite desta quinta-feira (13/01) e a madrugada desta sexta, informou Kiev.
Alguns dos sites já voltaram a operar e, segundo o governo, nenhum dado sensível foi vazado. Nas mensagens deixadas pelos hackers, os idiomas usados foram russo, polonês e ucraniano.
"Os nossos especialistas já estão trabalhando para retomar o funcionamento dos sistemas informáticos e a polícia especializada já abriu uma investigação", informou em nota o Ministério das Relações Exteriores.
A ação ocorreu durante as reuniões entre a Rússia, os Estados Unidos, a Otan e países europeus que se estenderam durante toda a semana para tentar atenuar a crise ucraniana. Enquanto os ocidentais afirmam que Moscou quer invadir o território, os russos afirmam que só estão protegendo sua segurança diante da ofensiva da Otan.
A aliança militar se manifestou e condenou "firmemente" os ataques hackers, afirmando, de acordo com o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, que "especialistas aliados" também estão "apoiando as autoridades ucranianas no país".
"Nos próximos dias, a Otan e a Ucrânia vão firmar um acordo de maior cooperação informática, incluindo o acesso ucraniano às plataformas de compartilhamento das informações sobre malwares da Otan", disse.
(*) Com Ansa e Sputnik News.