Jornalistas da Folha de S. Paulo publicaram, nesta quarta-feira (19), uma carta à direção da empresa expressando “preocupação com a publicação recorrente de conteúdos racistas”.
No último sábado (15), o jornal publicou o artigo Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo, do escritor Antonio Risério, no qual tenta justificar a existência de um suposto racismo reverso.
Na carta, os trabalhadores reforçam que o racismo reverso não existe e manifestam “descontentamento com o padrão que vem se repetindo nos últimos meses”.
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Em outubro do ano passado, o colunista Leandro Narloch publicou o artigo A riqueza das "sinhás pretas" precisam inspirar o movimento negro, no qual escreve que “negras prósperas no ápice da escravidão são pedra no sapato de quem diz que o capitalismo é essencialmente racista e machista”.
Os funcionários afirmam que “em mais de uma ocasião recente, a Folha publicou artigos de opinião ou colunas que, amparados em falácias e distorções, negam ou relativizam o caráter estrutural do racismo na sociedade brasileira".
"Esses textos incendeiam de imediato as redes sociais, entrando para a lista de mais lidos no site. A seguir, réplicas e tréplicas surgem, multiplicando a audiência. A controvérsia então se estanca e morre, até que um novo episódio semelhante surja”, diz a carta.
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Eles também citam o artigo do sociólogo Demétrio Magnoli Uma ilusão de cor, publicado em setembro do ano passado. Nele, o autor afirma que racismo e escravidão são processos que divergem entre si e que o primeiro nada tem a ver com o capitalismo.
“Acreditamos que esse padrão seja nocivo. O racismo é um fato concreto da realidade brasileira, e a Folha contribui para a sua manutenção ao dar espaço e credibilidade a discursos que minimizam sua importância. Dessa forma, vai na contramão de esforços”, escrevem os funcionários do jornal.
Clique aqui para ler a carta na íntegra.
Edição: Leandro Melito