De acordo com resultados divulgados pelo Ministério da Agricultura da Argentina, o rendimento do trigo Hb4 não está sendo o que a indústria esperava e sua produtividade, comparada ao trigo convencional, é muito baixa.
Será esse um bom motivo para abandoná-lo? Ou será que ele continuará sendo plantado e mostrará que, assim como no caso dos outros transgênicos, não é a tão alardeada produtividade em tempos de seca, e sim o aumento da comercialização de venenos a sua verdadeira razão de existir?
Lembram quando o agronegócio encheu nossos campos de soja, prometendo prosperidade econômica?
Não só a pobreza não acabou, como povoados inteiros ficaram doentes pela fumigação com glifosato.
O Hb4 segue o caminho tóxico que inaugurou esse desenvolvimento: foi modificado geneticamente para resistir a um herbicida mais tóxico, o glufosinato de amônio, proibido em mais de 15 países.
Enquanto querem nos confundir novamente vendendo desenvolvimento científico nacional em forma de veneno, Raquel Chan, a cientista que liderou a modificação do trigo transgênico (com recursos do Estado argentino, através do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas) recebeu um presente da Bioceres: ações da empresa. Um presente que veio junto com o vigésimo aniversário da companhia, a nossa Monsanto.
Chan assegurou depois de recebê-las que doará os royalties para a "ciência argentina", a mesma que até agora serviu para usar o Estado para trabalhar para essa companhia. O círculo é sempre virtuoso para eles.
Felizmente, alheia ao agronegócio e sua "ciência", fica a agricultura, repleta de saberes, diversidade e capacidade de continuar fazendo do trigo o que sempre foi: um alimento delicioso, produzido a partir e junto com a natureza.