CONFLITO

Plantações de famílias são destruídas em Moreno (PE) e MST acusa seguranças privados

Cultivo que seria destinado para ações de solidariedade foi prejudicado; seguranças prometeram voltar ao local

Brasil de Fato | Recife (PE) |
De acordo com o movimento, seguranças privados chegaram a deter ferramentas de plantio das famílias agricultoras - Comunicação MST

Na manhã deste sábado (22), mais um episódio de violência em decorrência de conflitos por terra aconteceu no Acampamento Lula Livre 13, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado no município de Moreno, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Segundo o MST, seguranças privados que trabalham para a família proprietária do Engenho Bondade destruíram parte da plantação de macaxeira das famílias acampadas do movimento, alegando que o cultivo estava sendo feito em terras “não autorizadas”.

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A “autorização” citada pelos seguranças remete a um acordo firmado entre o MST Pernambuco e a empresa arrendatária das terras, a Usina Petribu S/A, ainda em outubro de 2021, logo depois da empresa ter invadido o acampamento com quatro tratores. Há um rio que perpassa o território do Engenho Bondade e este seria um marco divisor para as plantações do movimento, seguindo o acordo com a Usina Petribu.

A empresa também já invadiu o acampamento em outubro de 2021 / Comunicação MST

Em denúncia ao Brasil de Fato Pernambuco, uma agricultora cuja identidade será preservada afirmou que os seguranças privados chegaram a deter ferramentas de plantio das famílias agricultoras. “Estão com os facões da gente aqui e não querem entregar. Com a maior ignorância, um outro homem quis me agredir falando bem alto e com o dedo na minha cara”, contou.

Do rio para dentro do acampamento seria o espaço autorizado para o movimento continuar realizando seus cultivos que, em grande parte, são destinados para doações de alimentos através da campanha Mãos Solidárias nas periferias da RMR. De acordo Romildo “Axé”, um dirigente do MST em Pernambuco, o acordo tem sido cumprido e mesmo assim ocorreu um “grande atrito” iniciado por parte dos proprietários das terras.

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“Os seguranças dos donos do Engenho Bondade vieram perturbar as companheiras e os companheiros do acampamento. Arrancaram pés de macaxeira que o pessoal estava plantando e teve um grande atrito para serem retirados do local. Um segurança passou de moto e disse que estávamos fazendo uma nova ocupação em uma área que não tinha sido acordada”, explica Romildo.

Ao fim da manhã, os seguranças privados se retiraram do local prometendo que voltariam posteriormente para renegociações a respeito do território do Engenho Bondade.

Autoridades

A reportagem do Brasil de Fato Pernambuco entrou em contato com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE)  para entender quais medidas serão tomadas para a resolução do conflito e aguarda retorno para atualização da matéria. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco também foi contatada.

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Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga e Lucas Weber