Estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) protestaram na última sexta-feira (21) em defesa do Restaurante Universitário, no campus da zona leste da capital. Eles alegam que, desde a inauguração do campus, em 2016, as obras para criação do bandejão nunca foram finalizadas. Com a manifestação, os alunos e alunas da instituição visam cobrar a reitoria para que alguma alternativa seja proposta para alimentação da comunidade acadêmica.
Segundo o graduando em Geografia e membro da coordenação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unifesp Pedro Antonelli, o plano inicial da universidade era entregar o restaurante até o final de 2021. No entanto, devido a problemas no contrato, as obras não foram concluídas a tempo e o prazo foi estendido para setembro deste ano. Os estudantes, contudo, não acreditam que a data será cumprida, já que as obras permanecem paradas. Enquanto isso, de acordo com Antonelli, a reitoria não tem dado nenhuma alternativa para os estudantes.
“A nossa coordenação de curso, juntamente com nós (alunos), foi conversar com a reitoria, falando sobre essa alternativa de inicialmente ela bancar o almoço dos estudantes que viessem de fora. Só que a reitoria colocou que, por motivos sanitários, não seria possível que isso acontecesse, que ela bancasse marmitas todos os dias”, relata.
Restaurante para a permanência
O bandejão universitário oferece refeições a um preço acessível aos estudantes, servidores e docentes. Hoje, são cerca de 160 alunos no campus da zona Leste que teriam uma opção de alimentação barata e de qualidade. Um número que deve aumentar ainda neste ano com a entrada de novas turmas a partir do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Antonelli ressalta que o restaurante universitário também é importante enquanto política de permanência dos estudantes, principalmente frente aos altos índices de fome e desemprego em todo o país.
“No nosso campus, principalmente, a maioria dos estudantes são de baixa renda. São estudantes que vêm do interior de São Paulo e de outros lugares do país estudar na Unifesp, e eles não têm onde comer. Muitos trabalham e não têm como eles irem trabalhar com um horário apertado sem poder almoçar no campus, no lugar onde eles estudam”, descreve o coordenador.
“Se a gente quer que os estudantes continuem cursando seu curso, o restaurante é de importância primordial. Muitos vão abandonar o curso porque não estão conseguindo comer. O nosso campus está localizado em um lugar muito afastado na (avenida) Jacu-Pêssego. É uma avenida importante de São Paulo, só que em uma região em que o restaurante mais próximo é o Habib´s, um restaurante caro. E, além de não termos condições de pagar, aqueles que têm, podem até ficar doentes por não comer uma comida de qualidade, aquele arroz, feijão, carne e vegetal que vão fazer bem para a saúde”, completa.
Negacionismo de governo
Por ser uma universidade federal, as obras da Unifesp são custeadas a partir de emendas parlamentares e pelas verbas liberadas pelo governo federal. No caso das obras no campus da zona leste, o coordenador do DCE lembra que houve impactos negativos por conta das políticas adotadas pelos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
“Os culpados pelo atraso na construção são os governos Temer e Bolsonaro. O governo Temer por ter congelado os investimentos em educação. E o governo Bolsonaro por ter travado a verba e atrasado até a nossa consolidação como campus. Se o Brasil estivesse em outra situação já estaria pronto (o bandejão) e atendendo mais cursos. Hoje tem apenas o curso de geografia, mas a gente planeja que tenha outros cursos de arquitetura, engenharia, pensando em desenvolver a região da zona Leste de São Paulo que precisa desses profissionais. Uma região que é esquecida pelo poder público. Essa política negacionista atrasa o desenvolvimento da ciência e das mentes dos nossos estudantes brasileiros”, critica Antonelli.
Confira esta notícia e o programa na íntegra desta segunda (24) no áudio acima.
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