Nesta terça-feira (25), movimentos populares, centrais sindicais e estudantes foram às ruas do centro do Rio de Janeiro protestar contra o reajuste da passagem de trem da SuperVia. A concessionária anunciou que a tarifa vai aumentar de R$ 5 para R$ 7 a partir do dia 2 de fevereiro. Cerca de mil pessoas participaram do ato na Central do Brasil, estação com grande circulação de trabalhadores e destino de todos os ramais de trem da SuperVia.
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"A SuperVia lucra com a miséria do povo", escrito em um dos cartazes na manifestação denuncia que o reajuste vai afetar principalmente a camada mais pobre da população carioca que mora longe do local de trabalho. O gasto com a passagem de trem pode chegar a R$ 300 por mês com o novo valor, sem contar o custo adicional com outros modais como ônibus e metrô.
Para Fabiana Amorim, Diretora Executiva da União Nacional dos Estudantes (UNE), o alto custo com deslocamento beneficia apenas um setor: as empresas de transporte.
"O aumento da passagem não é algo isolado, é parte de um projeto político que se aprofundou na pandemia de enriquecimento de poucos. Esse aumento do trem, assim como das barcas, significa que empresas privadas estão enriquecendo com um serviço que deveria ser um direito. Direito de estudar, trabalhar mas também ao lazer. Muita gente vive no Rio de Janeiro, uma das cidade mais bonitas do mundo, e não tem como ir na praia, no museu, porque não tem o dinheiro da passagem", disse.
Além do aumento, os usuários reclamam do sucateamento do serviço da SuperVia e a falta de segurança nas estações mais afastadas. Os passageiros ainda lidam diariamente com intervalos irregulares e a redução da frota durante a pandemia. O encerramento da linha expressa nos ramais Santa Cruz e Japeri também aumentou o tempo de viagem entre o centro e as zonas norte e oeste do Rio.
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Em nota, a SuperVia afirma que está negociando com o governo Cláudio Castro (PL) para reduzir o impacto do reajuste no bolso dos clientes. E que o aumento considera custos operacionais com energia, manutenção dos trens e da via férrea, e aquisição de equipamentos para reposição nos trens.
"Em paralelo, vale lembrar que em 2021, também registramos o aumento de furtos e vandalismos de materiais ferroviários, o que infelizmente elevou nosso custo operacional", diz o texto.
No início da noite desta terça-feira (25), após a dispersão do ato, a circulação de trens na Central do Brasil foi suspensa, o que deixou milhares de pessoas sem ter como voltar para casa. A concessionária alega que houve uma interferência na rede aérea na estação. A SuperVia fechou os portões com apoio de agentes da Polícia Militar. Até o fechamento desta reportagem, não havia previsão de retorno.
CCR Barcas
O transporte aquaviário também vai sofrer um reajuste a partir do dia 12 de fevereiro, autorizado pela Agência Reguladora (Agetransp). A viagem entre o centro do Rio e Niterói, na região metropolitana, via barca, terá reajuste de R$ 6,90 para R$ 7,70. Já o trajeto Praça Quinze-Charitas terá reajuste de R$19 para R$ 21.
Durante a manhã de hoje, manifestantes realizaram um protesto contra as novas tarifas na Praça Arariboia, terminal de passageiros no centro de Niterói. Nas redes sociais, o deputado estadual Flavio Serafini (Psol) lembrou que o reajuste vem no momento em que os níveis de desemprego e informalidade estão em alta no Rio.
"Em plena pandemia, com o país em crise, alta taxa de desemprego e os preços do alimentos cada vez maiores, as empresas de transporte com o aval do governador, decidem aumentar de forma absurda os preços dos transportes públicos, é inadmissível", escreveu Serafini no Twitter.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Jaqueline Deister