SP 468 ANOS

“Mesmo com tantos problemas, São Paulo tem tudo pra liderar a revolução do pensamento”

Em entrevista ao Jornal Brasil Atual, historiador Moacir Assunção comenta a importância de revitalizar a região central

Ouça o áudio:

Localizado no centro de São Paulo, entre os Viadutos do Chá e Santa Ifigênia, o Vale do Anhangabaú é um lugar de manifestações e shows populares - Prefeitura SP

A cidade de São Paulo que completou 468 anos nesta terça-feira (25) é bem diferente daquela cidade, que em 1922 trazia a efervescência cultural e os comportamentos de vanguarda europeia e, em que acontecia a Semana de Arte Moderna, no Theatro Municipal.

Há 100 anos, por exemplo, os bondes cruzavam a ruas da capital e a classe média alta passou a morar em casarões como os da nobre Avenida Angélica, no bairro da Consolação. Histórias como essas que o historiador, professor e escritor Moacir Assunção, narra em suas caminhadas culturais pelo centro.

Ele que realiza o passeio há mais 12 anos, contando o surgimento de São Paulo por meio dos seus prédios históricos, afirma que a região perdeu muito com a pandemia, o que causou o fechamento de lojas e o aumento da miséria. Mas, os problemas já se acumulam há muito mais tempo.

“Eu tenho um amor muito grande por essa cidade pra vê-la nesta situação que ela se encontra. A gente quer ver a cidade viva, dinâmica, saudável, solidária, bem resolvida ambientalmente. Tudo o que ela não está atualmente. De tudo isso, o quê sobrou foi a solidariedade das pessoas”.

Assunção, que é do sertão pernambucano, migrou para São Paulo em 1970 e atualmente mora na região da República, considera que o centro já foi bem mais bonito, e que cidade tem tudo para se tornar mais inovadora no futuro.

“São Paulo é essa cidade gigantesca, a cidade mais cosmopolita do Brasil, que tem uma população gigantesca, com pessoas de todos os estados brasileiros. É uma cidade que cresceu muito, e tem muitos problemas relacionados à miséria, mas ainda assim tem tudo para ser uma cidade inovadora, que tem tudo pra liderar essa nova revolução industrial, que é a revolução do pensamento. [...] Acho que pode acontecer muitas coisas interessantes que podem mudar a cara da cidade”.

O historiador também comenta o número de pessoas que vivem nas ruas São Paulo, que segundo censo da população de rua encomendado pela prefeitura, cresceu 31% durante a pandemia de Covid-19.

“Tem muitas questões que a gente está deixando a desejar em São Paulo, que é lamentável. E como há um ano e meio eu estou morando pela segunda vez no centro, perto da Praça da República, estou convivendo diariamente com essa realidade nefasta, de ver tanta gente morando na rua. Recentemente saiu o censo da população de rua falando que são 32 mil pessoas, mas eu arriscaria que são muito mais, cerca de 50, 60 mil pessoas em situação de rua”.

Moacir Assunção também integra um grupo de moradores voluntários chamados Defensores do Centro, que visa uma série de propostas para melhorar a região, inspirada no exemplo de Tóquio, que tem 120 mil voluntários, todos aposentados jovens, que se encarregam de limpar a cidade, a mais limpa do mundo.

“Faremos ações pontuais para mostrar a importância e dialogar com várias outras ‘forças vivas’ para descobrir alguma solução para os moradores de rua”, explica Assunção.

Confira a entrevista na íntegra e as principais notícias desta terça-feira (25), no áudio acima

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