A inclusão social, o fim do preconceito e da transfobia são algumas reivindicações históricas das pessoas trans, que ganham ainda mais força no dia 29 de janeiro. Na data, é comemorado no Brasil, há 18 anos, o Dia Nacional da Visibilidade Trans.
Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), revelou que o Brasil tem cerca de 4 milhões de pessoas transgênero ou não binárias. Mesmo sendo parcela considerável da população brasileira, essas pessoas ainda lidam cotidianamente com a invisibilidade.
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Morador de Belo Horizonte (MG), Arthur Antônio Mendes é um homem trans de 31 anos, casado e pai de uma menina de seis anos. A trajetória do jovem, assim como a de milhares de pessoas transgênero, é marcada por preconceitos, mas também pelo sonho de viver em um mundo que respeite as pessoas trans.
Ele assumiu sua identidade apenas aos 30 anos de idade, pois tinha medo de não ter o apoio da família e de que a decisão afetasse sua filha. "Mas daí pensei: 'Como vou ensiná-la a ser feliz e a ser ela mesma se eu não fizer isso, se eu não der exemplo? Ninguém vai ser feliz por mim, eu tenho esse dever e direito, e quem me amar que continue na minha vida'", relata.
Ao se assumir, Arthur precisou sair da casa dos pais e enfrentar uma série de dificuldades. Uma delas foi o acesso ao emprego formal. “Foi muito tempo trabalhando com bicos e aceitando todo tipo de trabalho”, declarou o jovem.
O acesso à saúde também não é fácil. “Sabiam que um homem trans não consegue marcar um ginecologista com facilidade? Algo tão essencial. Sem falar da saúde mental…”, explicou Arthur. Para ele, ter o acesso facilitado às especialidades médicas já mudaria para melhor parte da realidade das pessoas trans.
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País que mais mata trans
Desde o ano de 2019, a transfobia é considerada crime no Brasil. Mesmo assim, o país é considerado o que mais mata pessoas trans e travestis no mundo, pelo 13º ano consecutivo. O relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU) revelou que 70% de todos os assassinatos registrados aconteceram na América do Sul e Central, sendo 33% no Brasil.
Arthur acredita que essa realidade reafirma a necessidade de pensar um mundo em que pessoas trans sejam respeitadas e tenham oportunidades. “Onde as pessoas entendam que eu sou igual a elas em muitas coisas e diferente em outras. É muito mais do que chamar pelos pronomes corretos. É dar acesso e oportunidades”, conclui.
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Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Larissa Costa