“Iemanjá é a força feminina em sua mais perfeita denominação gestacional. Aquela que não rejeita um filho ou filha e estará sempre ao seu lado”. É nessa energia e força do axé que a Praça dos Orixás, em Brasília, vai se abrir para receber a Festa das Águas, na próxima quarta-feira (2), a partir das 10h, para celebrar a rainha do mar.
A frase que descreve a homenageada da festa é do idealizador do projeto Folha Seca, Marcos Valente, que traz para a comemoração uma roda de percussão que resgata os sons e toques africanos através do atabaque, berimbau e outros instrumentos, além de pontos que reverenciam os Orixás cultuados no candomblé e na umbanda.
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A Festa das Águas é uma iniciativa do Instituto Rosa dos Ventos, com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, que propõe valorizar o espaço e ampliar sua ocupação com terreiros, grupos culturais, praça de artesanato e de gastronomia, reafirmando, desse modo, a força e a beleza das culturas de matriz africana.
O evento, que acontece anualmente, apresenta uma programação diversificada, entre as atrações deste ano estão: Samba para Iemanjá com Breno Alves e Batucada para as Águas, cujas apresentações foram pensadas especialmente para a ocasião, Batucada para as Águas, Cortejo para Iemanjá, Bando Matilha Capoeira e Nãnan Matos.
No dia 2 de fevereiro, nas cidades litorâneas é possível ver pequenos barcos enfeitados com flores, fitas, perfumes e velas que são entregues ao mar como oferenda a Orixá Iemanjá, em agradecimento aos pedidos atendidos e pedindo proteção e bênçãos.
O percussionista, Marcos Valente, ressalta que “mesmo que não tenhamos mar, é uma forma de celebrarmos esta data tão importante não só para os adeptos de religiões de matriz africana, mas para a cultura popular como um todo”, mantendo viva “a tradição dos ancestrais”.
Intolerância religiosa
A presidente da Rosa dos Ventos, Stéffanie Oliveira, destaca que a “Festa das Águas não só homenageia as entidades representativas de nossa cultura, mas também exalta nosso povo, nossa comunidade, nossa negritude, nossa ancestralidade e contribui para a necessidade de afirmação em uma sociedade injusta e preconceituosa”.
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As imagens dos Orixás que enfeitam a praça, também conhecida como Prainha, foram depredadas e incendiadas mais de uma vez. Alvo de intolerância religiosa, em agosto passado, a imagem do orixá Ogum foi destruída.
Para Valente, “só é intolerante quem é ensinado a ser. Ninguém nasce odiando algo ou alguém. A intolerância religiosa começa em casa, nos núcleos pequenos e assim se propaga através da não informação, pois, os intolerantes não conhecem a religião do outro. É preciso combater desde os pequenos núcleos”, observa.
Além do enfoque cultural, a Festa das Águas reitera sua preocupação com o meio ambiente e com a manutenção do patrimônio público. O evento incentiva o uso de materiais biodegradáveis para quem deseja prestar homenagens às entidades.
A organização recomenda ainda que apenas pessoas vacinadas com as duas doses contra a covid-19 participem do evento. Ainda, pensando na segurança da comunidade, reforça o uso de máscara e álcool.
Confira a programação:
● 10h - Abertura da Feira de Artesanato e da Praça de Alimentação;
● 12h - Samba com Acarajé;
● 13h - Samba para Iemanjá com Breno Alves, Kadu Dantas e Rodrigo 7
Cordas
● 14h30 - A Roda - encontro de pandeiristas amadores;
● 15h30 - Apresentação do grupo Encantaria das Mata;
● 16h30 - Roda de Percussão com Folha Seca;
● 17h20 - Batucada para as Águas com Mestra Martinha do Coco e Mestre
Tico Magalhães (traga seu tambor e venha com roupa branca);
● 18h - Cortejo para Iemanjá com Coletivo das Yás;
● 19h - Bando Matilha Capoeira;
● 20h - Nãnan Matos - Show Sambadeira.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino