“Não portava pistola nem droga, só meu instrumento. Minha arma é minha canção. Do meu samba que eu tiro o sustento. Não se cala meu povo fazendo outro preto um detento”.
A letra da canção “Onde a cidade não vê” retrata um jovem negro durante uma abordagem policial. A situação, vivenciada pelo sambista Lucas Preto, inspirou a composição em parceria com Breno Bené há cerca de um ano.
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A realidade dos jovens sambistas na zona oeste do Rio de Janeiro é o tema do programa Papo na Laje desta quinta-feira (3). Os convidados são Lucas Preto e Ingrid Schiavo, que é cantora e percussionista.
“É difícil se sustentar com o pouco que a gente ganha. Costumo falar que faço samba por amor mas não posso esquecer que é meu sustento. Precisamos valorizar nosso trabalho”, afirma Ingrid que define o samba como sua religião, além de profissão que busca exercer com excelência.
Mesmo com as dificuldades, eles compartilham o sonho de viver do samba e se inspiram em grandes nomes da música popular como Leci Brandão, Arlindo Cruz e Mariene de Castro.
“Tem gente que não encara como trabalho. Você fala ‘sou músico’ e as pessoas perguntam ‘mas você trabalha com o quê?'. Meu sonho é viver de samba a vida inteira, não desanimar. Tocar o coração das pessoas com as minhas composições”, conta Lucas, acrescentando que o amor também é um tema recorrente nas suas composições.
O episódio desta quinta-feira (3), gravado no Centro de Cultura Negra Fruta do Pé, na zona oeste do Rio, é dedicado ao mestre Monarco, baluarte e presidente de honra da Portela, que faleceu em dezembro.
O Papo na Laje é um programa sobre experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias do Rio de Janeiro. Toda quinta-feira, às 18h, um episódio inédito é exibido no Youtube e na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET. Assista:
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Clívia Mesquita