Abstenção recorde

Costa Rica irá definir próximo presidente em 2º turno, apontam resultados preliminares

Ex-presidente José María Figueres e ex-ministro da Fazenda Rodrigo Chaves irão disputar presidência em abril

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Ex-presidente José María Figueres e ex-ministro da Fazenda Rodrigo Chaves irão disputar a presidência da Costa Rica no segundo turno, no dia 3 de abril - Luis Acosta e Randall Campos / AFP

A Costa Rica celebrou eleições gerais no último domingo (6) e, com cerca de 80% dos votos apurados, o Partido Liberação Nacional recebeu 27,2% dos votos, enquanto o Partido Progresso Social Democrático obteve 16,6%, indicando a necessidade de um segundo turno, a ser realizado no dia 3 de abril. 

A disputa será entre o ex-presidente, José María Figueres, e o ex-ministro da Fazenda, Rodrigo Chaves. De acordo com o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), cerca de 60% do total de 3,5 milhões de eleitores compareceram às urnas - a maior abstenção desde 1948. 

A votação do primeiro turno definiu também o Congresso, composto por 57 deputados. A maior bancada ficou com o Partido Liberação Nacional com 19 cadeiras, seguido da Unidade Social Cristão com dez deputados. Já o Partido Progresso Social Democrático, que irá ao 2º turno presidencial, elegeu nove congressistas.

Pela primeira vez os partido Nova República e Liberal Progressista terão representação parlamentar, com sete e seis deputados, respectivamente. Já pela esquerda, a Frente Ampla elegeu seis deputados.

Os resultados oficiais com a apuração final só serão publicados na próxima terça-feira (8) e os novos governantes assumem no dia 1º de maio.

Os números parciais oferecidos pelo TSE confirmam as pesquisas de opinião prévias às eleições que mostravam cerca de 40% de indecisos entre 25 candidatos à eleição. 

O atual presidente Carlos Alvarado celebrou o processo, que classificou como uma "jornada democrática excepcional". Na Costa Rica, não é permitida a reeleição consecutiva para os cargos do Executivo. 

Perfil dos candidatos 

O favorito para ocupar novamente a presidência é membro de um partido de centro-esquerda e exerceu o cargo entre 1994 - 1998. José Figueres autorizou o início do ecoturismo na Costa Rica e a abertura para empresas de telecomunicações, como a Intel. 

Durante 2003 e 2011, viveu na Suíça quando era investigado pelo Ministério Público costarriquenho por suposto tráfico de influências. Em 2007, o MP declarou que não houve delito e anos mais tarde Figueres retornou ao país. 

"Estamos a um passo para começar o resgate da transformação", declarou após a divulgação dos resultados preliminares. Representante de uma família tradicional da política local, o pai de Figueres foi um dos fundadores do seu Partido Liberação Nacional, além de ter sido presidente em três ocasiões e responsável por acabar com o Exército nacional em 1948, após a guerra civil.

Por outro lado, o economista Rodrigo Chaves tornou-se a surpresa eleitoral, já que não figurava entre os três melhores colocados nas pesquisas prévias. 

Chaves assumiu a pasta da Fazenda em 2020 por menos de seis meses e deixou governo após discordâncias "irreconciliáveis" com o atual chefe de Estado. Antes, entre 2008 e 2013, exerceu a função de diretor do Banco Mundial, de onde saiu por denúncias de abuso sexual. 

"O partido é novo, sim, o mais jovem da campanha, mas vamos deixar para atrás o fogo cruzado, o conflito, a confrontação estéril, e lhes peço que juntos criemos consensos para reorientar o país", declarou Rodrigo Chaves.

Nas próximas semanas, cada postulante deverá anunciar suas alianças para o segundo turno. 

 

* Atualizada em 07/02/22 às 16h30

Edição: Arturo Hartmann