O Brasil registrou, nesta quarta-feira (9), um total de 1.264 mortes confirmadas por covid-19. Essa é a maior marca desde 29 de julho do ano passado, quando foram computadas 1.318 vítimas. Assim, a média móvel continua subindo, chegando agora a 873 mortes diárias nos últimos sete dias e equiparando-se a níveis de meados do ano passado.
Nas últimas 24 horas, as autoridades sanitárias também identificaram oficialmente mais 178.814 novos casos. Neste indicador, a média móvel voltou a subir para 166.046 novos diagnósticos. Até ontem, o país havia registrado quedas consecutivas nos últimos 10 dias. Conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o país tem, ao todo, 635.074 mortos por covid-19 oficialmente registrados, com mais de 26,9 milhões de casos.
O cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, alerta que, entre os óbitos, não estão apenas os não vacinados, apesar de serem maioria. “Tem vacinados ali. Mas tem gente que não pôde se vacinar. Tem vulneráveis mesmo pós-vacina”, tuitou. Ele lembrou, também, que há locais que apresentam dificuldades logísticas à vacinação. E, mesmo entre os não vacinados, uma parcela é vítima da onda de desinformação e negacionismo.
1.264 óbitos notificados nas últimas 24h.
— Isaac Schrarstzhaupt (@schrarstzhaupt) February 9, 2022
Não, não estamos em 2020. Hoje é 09/02/2022.
Peço a todos que, por favor, não caiam no papo de “ah, não se vacinou porque não quis, tô nem aí”.
Tem vacinados ali. Tem gente que não pode se vacinar. Tem vulneráveis mesmo pós vacina.+
“Por isso que é importante que a gente desempenhe nosso papel individual (tomar a vacina, usar máscaras PFF2, preferir locais ao ar livre). Mas TAMBÉM o nosso papel social de conversar, explicar, mostrar dados”, ressaltou. “Cansa? Ô SE CANSA. Mas o vírus não cansa.”
“Janela de oportunidade”
Para pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o atual cenário de aumento no número de casos pela variante ômicron poderia criar uma “janela de oportunidades” contra a covid para o Brasil. Isso porque os infectados recuperados adquirem imunidade temporária contra a doença. Combinado com o avanço na imunização completa da população, seria possível, “em tese”, impedir a transmissão comunitária do vírus.
“Em um momento em que há muitas pessoas imunes à doença, se houver uma alta cobertura vacinal completa entre as pessoas, há a possibilidade de, tanto reduzir o número de casos, internações e óbitos, como de bloquear a circulação do vírus”, diz o boletim do Observatório Covid-19 (Fiocruz) publicado nesta quarta-feira (9).
Estratégias contra o vírus
Para tanto tanto, os pesquisadores sugerem quatro estratégias básicas. Em primeiro lugar, a ampliação da vacinação, com postos móveis e locais de aplicação com horário estendido. Além disso, iniciar a “busca ativa” das pessoas que ainda não se vacinaram ou estão com doses em atraso. Nesse caso, seja por resistência motivada pelo discurso antivacina ou por dificuldades de acesso aos postos.
Sugerem também massificar a campanha de incentivo à vacinação de crianças. Dessa maneira, ressaltam a necessidade de esclarecer “dúvidas infundadas” sobre a segurança e eficácia das vacinas para essa faixa etária. Por fim, pedem o reforço das medidas de higiene e o uso de máscaras. “São medidas sobre as quais não há controvérsia, e possuem um histórico de utilização efetiva em outras sociedades, como a asiática.”
Os pesquisadores alertam, ainda, para os desequilíbrios regionais na vacinação. Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões com baixa imunização. “Nestes locais, o fim da pandemia parece mais distante que em grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo”.