O fascismo clássico surgiu na Europa em oposição a duas tendências: a instabilidade do capitalismo (e a perturbação social que ele criou) e o levante dos movimentos de trabalhadores que incluiu os partidos comunistas.
Os primeiros alvos dos fascistas foram as organizações comunistas, incluindo seus partidos, frentes populares e sindicatos. Para defender o poder dos capitalistas, os fascistas usaram de terríveis violências do tipo gângster contra os comunistas que lutavam para manter os ganhos conquistados pelos trabalhadores. A linha de frente dessa contenda foi a Guerra Civil Espanhola, na qual os dois lados – os republicanos e os fascistas atrás do ditador Francisco Franco – lutaram amargamente para defender suas visões de mundo profundamente diferentes.
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Após a 2º Guerra Mundial e com a derrota do fascismo clássico, os Estados Unidos impuseram hostilidades contra a União Soviética. Os países soviéticos e os outros Estados socialistas lutaram para se recuperar da guerra, mas permaneceram comprometidos a construir democracias sociais e econômicas a partir dos escombros. Ganhos importantes tinham que ser conquistados para apagar os padecimentos do capitalismo, como fome, analfabetismo, desemprego e indignidade.
O Ocidente, com seus países controlados pela burguesia, só poderiam firmar um compromisso formal com a igualdade, porém não poderiam garantir como direitos o acesso a moradia, educação, emprego, assistência médica e igualdade social.
Porque o “Oeste” não foi capaz de colocar adiante um modelo de política que oferecesse às pessoas esses direitos e necessidades, os Estados capitalistas lutaram militar e ideologicamente a “Guerra Fria”. No fronte ideológico, o Ocidente não poderia argumentar diretamente sobre ter um sistema econômico superior, uma vez que o sofrimento social seria inevitável sob o capitalismo.
Esta é a razão pela qual o Ocidente começou a enfatizar uma concepção estreita de “direitos políticos” como a principal característica que distingue o Estados capitalistas dos comunistas: os intelectuais ocidentais argumentaram que os países capitalistas eram “livres”, enquanto que os países comunistas eram “não-livres”.
Dois livros do mundo anglófono, ambos escritos por europeus exilados do continente, tiveram papel chave nessa batalha ideológica: “A sociedade aberta e seus inimigos”, publicado em 1945 pelo austríaco Karl Popper, e “A origem do totalitarismo”, obra da alemã Hannah Arendt publicada em 1951. As duas obras argumentam que o Ocidente era “livre” ou uma “sociedade aberta”, enquanto que o fascismo e o comunismo eram “totalitários” ou “sociedades fechadas”. Estes textos forneceram base histórica, sociológica e teórica para os ataques dos países ocidentais aos países comunistas.
De fato, os livro supramencionados são fundamentalmente falhos em sua ligação do fascismo e comunismo. Fascismo é uma tentativa das elites dominantes de manter o poder apesar da morbidez do capitalismo. A estrutura fascista suspende a democracia burguesa ou usa essa estrutura democrática burguesa para infligir dor na classe trabalhadora e mantê-la em seu lugar. Este é o exato oposto do projeto comunista, que procura emancipar a sociedade da morbidez do capitalismo e liberar a classe trabalhadora das penalidades do capitalismo e dos seus mestres políticos.
O fascismo é a antítese da liberdade. O comunismo promete a maior liberdade possível. Estes são projetos políticos diametralmente opostos. Igualá-los foi parte da guerra informacional da Guerra Fria.
Edição: Rodrigo Durão Coelho