"Guerra mundial"?

Biden eleva tom e reforça pedido para que cidadãos dos EUA deixem Ucrânia

Semana é marcada por movimentações diplomáticas e tentativas mal-sucedidas de desarmar tensão na Europa Oriental

São Paulo (SP) |

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"Estamos em um mundo muito diferente do que já estivemos", disse Biden. - Saul Loeb / AFP

Joe Biden voltou a defender na noite de quinta-feira (11) que os cidadãos dos Estados Unidos deveriam deixar a Ucrânia, alegando que o país pode estar na iminência de sofrer uma invasão russa e sob o risco de ver o início de uma "guerra mundial".

"Os cidadãos americanos devem sair, devem sair agora. Não é como se estivéssemos lidando com uma organização terrorista. Estamos lidando com um dos maiores exércitos do mundo. Esta é uma situação muito diferente e as coisas podem enlouquecer rapidamente", disse o presidente dos EUA em entrevista à NBC News. "Será uma guerra mundial quando os EUA e a Rússia começarem a atirar uns nos outros. Estamos em um mundo muito diferente do que já estivemos."

Em janeiro, o Departamento de Estado dos EUA ordenou a saída de parentes de diplomatas estadunidenses da capital ucraniana e aconselhou não viajar para a Ucrânia por conta do "aumento da ameaça de ação militar russa".

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reforçou a retórica nesta sexta-feira (12) e disse que uma ação militar russa pode estar próxima: "Estamos em uma janela em que uma invasão pode começar a qualquer momento e, para ser claro, isso inclui o período dos Jogos Olímpicos", afirmou em coletiva de imprensa durante visita à Austrália.

Os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim terminam em 20 de fevereiro.

Na segunda-feira (7), o tom de Biden já havia subido quando disse na Casa Branca, ao receber o chanceler alemão Olaf Scholz, que seria "inteligente" deixar o país europeu e ameaçou levar adiante "as sanções mais severas que já foram impostas" contra Moscou caso a Rússia invada a Ucrânia.

Já o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirma que as movimentações de tropas dentro do território de seu país são rotineiras e que o Kremlin tem direito a mover seus militares como bem entender, além de questionar a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) rumo às fronteiras da Rússia.

"Não somos nós que nos aproximamos da Otan, mas a Otan se aproxima de nós", disse o presidente russo ao receber seu homólogo francês, Emmanuel Macron, na segunda-feira (7).


Macron é o primeiro líder ocidental a encontrar Putin pessoalmente desde a escalada de tensão na fronteira ucraniana / Foto: Twitter Emmanuel Macron

Reuniões sem acordo

Reunião do Formato da Normandia, fórum que reúne Alemanha, França, Ucrânia e Rússia, terminou sem resultados em Berlim. De acordo com Dmitry Kozak, vice-chefe de Gabinete do Executivo Presidencial russo, a conversa não avançou porque não possível "superar" as diferenças de entendimento sobre os Acordos de Minsk.

"Infelizmente, quase nove horas de negociações terminaram sem resultados visíveis e tangíveis expressos em documentos", disse Kozak, de acordo com a agência Tass.

Os Acordos de Minsk são uma tentativa de alcançar um cessar-fogo na Ucrânia por meio de soluções políticas como anistia, eleições locais, condições de autonomia para áreas separatistas pró-Rússia. Eles são uma das apostas da diplomacia para diminuir as tensões entre Moscou e Kiev.

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Conversa em Moscou entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e sua homóloga do Reino Unido, Liz Truss, também terminou sem grandes avanços na quinta-feira (10).

"Estou honestamente desapontado que o que temos é uma conversa entre um mudo e um surdo... Nossas explicações mais detalhadas caíram em terreno despreparado", destacou Lavrov.

A chanceler britânica, por sua vez, questionou as movimentações de tropas da Rússia: "Não vejo outra razão para ter 100.000 soldados estacionados na fronteira além de ameaçar a Ucrânia. E se a Rússia leva a diplomacia a sério, eles precisam remover essas tropas e desistir das ameaças".

Edição: Arturo Hartmann