1.135 ÓBITOS

Pela terceira vez na semana, Brasil tem mais de mil mortos por covid-19 em 24 horas

Neurocientista Miguel Nicolelis destaca que mídia do Brasil e do mundo escondem o pior janeiro da pandemia

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Estrago causado pela ômicron só não é maior por conta do avanço na vacinação, diz especialista - Geraldo Bubniak/Agência de Notícias do Paraná

O Brasil registrou 1.135 mortes por covid-19 nesta sexta-feira (11). É a terceira vez em uma semana que o país supera mil óbitos oficiais em um único dia. Assim, a média móvel continua subindo, com 951 óbitos/dia computados oficialmente nos últimos sete dias. É a pior taxa desde 31 de julho, quando estava em 989 casos.

Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde também registraram mais 166.009 novos casos da doença. Nesse indicador, a média móvel ficou em 144.240. Conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Brasil totaliza 637.152 mortes por covid-19, com quase 27,3 milhões de casos.

O pesquisador em saúde pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Marcelo Gomes afirma que as crianças de até 11 anos têm sido mais fortemente atingidas nessa atual onda. É o que mostra quadro abaixo com a evolução dos casos Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em cada faixa etária.

 

Gomes tuitou que o “estrago” causado pela variante ômicron nas demais grupos só não foi maior por conta do avanço da vacinação, principalmente com a aplicação da dose de reforço.

Nicolelis: mídia esconde pior janeiro da pandemia no mundo

Desde o aparecimento da ômicron, o neurocientista Miguel Nicolelis vem batendo de frente com as abordagens que tratam essa variante como supostamente “mais leve“. Por um lado, a vacinação mostrou ser capaz de reduzir os casos graves e óbitos. Por outro, existe pressão dos setores econômicos para que as pessoas retornem a uma suposta normalidade. Em meio a isso, muita gente ainda não se vacinou. Seja, de fato, por dificuldades no acesso a vacina, ou motivadas pelo discurso antivacina.

Dessa maneira, para o cientista, a imprensa e a classe política estariam negligenciando a gravidade da doença, que ainda segue matando em grande escala.

 

E não é só no Brasil, de acordo com ele. “Políticos e imprensa em todo mundo estão tentando empurrar garganta abaixo que podemos voltar a normalidade, mesmo quando mais de 10 mil vidas se perdem diariamente em todo o mundo”, comentou.

OMS: “fase aguda” pode passar em 2022

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, disse hoje que a “fase aguda” da pandemia pode . Para isso, entretanto, é necessário acabar com a desigualdade na distribuição de vacinas. “Nossa expectativa é do fim da fase aguda da pandemia este ano, desde que 70% da população mundial seja vacinada até o meio do ano”, afirmou em entrevista durante visita à África do Sul. Ele visitou uma a primeira fábrica, no continente africano, que está produzindo vacina de RNA mensageiro contra a covid-19.

No entanto, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, que também participou da visita, é um pouco mais cética. “Vimos o vírus evoluir, sofrer mutações… por isso sabemos que haverá mais variantes preocupantes”, alertou. “Portanto, não estamos no fim da pandemia”, acrescentou.