Entre os 10 estados brasileiros com mais pessoas endividadas, cinco são da região Nordeste: Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia. Em janeiro deste ano, Pernambuco alcançou o maior percentual de famílias endividadas desde 2011 com 79,8%, o que representa que 4 em cada 5 famílias estão endividadas, segundo dados são da Confederação Nacional do Comércio, Bens e Turismo (Fecomércio).
O patamar, próximo a 80%, não era observado no estado há doze anos, quando chegou a atingir 81,3% no mês de julho de 2011. Na comparação anual, entre dezembro de 2021 e o mesmo mês de 2020, houve elevação de 3,1 pontos percentuais. Se comparado ao período pré-pandemia (fevereiro de 2020), a alta foi de 7,9 pontos percentuais.
Ainda em 2020, era de 12,3% o percentual das que se declaravam ‘muito endividadas’ e, agora, em dezembro de 2021, essa proporção chegou a 22,8%.
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“É importante separar a ideia de que o endividamento em si é o problema, o endividamento em certos momentos é até necessário para aquisição de bens e para o parcelamento de necessidades das famílias. O problema é quando esse endividamento começa a atrapalhar o planejamento orçamentário doméstico”, comenta o economista e assessor financeiro da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva.
As dívidas de cartão de crédito são as principais entre os brasileiros, presentes em 94% das famílias inadimplentes. A designer Amanda Oliveira faz parte desse grupo. Além das dívidas no cartão de crédito, ela também possui um financiamento estudantil de 50 mil reais com parcelas em atraso.
“Meu nome está negativado, eu estou no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), obviamente; e minha mãe, como era minha fiadora, não consegue fazer financiamento de nada”, afirmou Amanda, que completa, “é muito ruim você ficar devendo uma coisa muito grande e não conseguir se organizar para pagar, porque se tornou uma bola de neve”.
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Para Ademilson, o endividamento está diretamente ligado à pandemia. Uma vez que as expectativas de crescimento econômico também estão relacionadas às expectativas da realização de festas e grandes eventos, tanto para o setor formal, quanto para o informal.
“Com a continuidade de alguns protocolos, têm a necessidade de retroceder em alguns pontos, como no setor de eventos. A gente não vai ter novamente Carnaval, o feriado também foi cancelado… A ainda perspectiva de que, se a variante permanecer no segundo trimestre, hajam novos cancelamentos de feriados, como o São João”, destaca o especialista.
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O que tudo indica é que a economia do país depende da vacinação completa da população e do controle da pandemia de covid-19 para conseguir pensar em uma retomada econômica, que pode ser decisiva para reduzir os índices de endividamento em todo o país.